O mistério das gorjetas gordas

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É o sonho de todo garçom que se preze: entrega a conta ao cliente e, ao checar a gorjeta, ela equivale a dois ou três meses de salário.

É normal gorjetas gordas virarem notícia. A última que esta Folha noticiou, por exemplo, não faz nem dois meses: um jogador de futebol americano do Kansas City Chiefs deu US$ 1.000 a um funcionário do restaurante Fogo de Chão de Kansas City.

Mas e quando as gorjetas normalmente são em torno de US$ 5.000, são todas ‘publicadas’ em uma rede social e, pior, o ‘benfeitor’ é anônimo?

Todas essas características apareceram em uma estranha conta no Instagram chamada Tips for Jesus (Gorjetas para Jesus, em inglês). Ela foi aberta há certa de três meses e, pelas minhas contas, já soma registros de mais de US$ 55 mil (algo em torno de R$ 130 mil).

Isso mesmo: R$ 130 mil em gorjetas em três meses.

Veja abaixo alguns dos posts do anônimo milionário:

O Tips for Jesus já tem mais de 46 mil seguidores no Instagram, e chamou a atenção de muita gente. A primeira reação é que seria falso, provavelmente um viral de alguma empresa de cartões de crédito. Porém, desde que este boato começou, o dono da conta começou a tirar fotos de alguns dos garçons agraciados, e eles confirmam que receberam a bolada. Restou, então, tentar descobrir quem seria a pessoa (ou as pessoas) por trás disso tudo.

Na semana passada, o site ValleyWag, dedicado a fofocas no mundo do Vale do Silício, onde se encontram boa parte das maiores empresas de tecnologia do mundo, afirmou que o dono da conta era Jack Selby, um dos fundadores da plataforma de pagamentos online PayPal.

Os fundadores do PayPal possuem o hábito de torrar o dinheiro que conseguiram na venda da empresa para o eBay em 2002. De vez em quando eles acertam e ganham ainda mais dinheiro –eles investiram no Facebook e no Youtube quando ainda eram start-ups, por exemplo.

A aposta em Selby cresceu quando ele postou um link de uma reportagem sobre o Tips for Jesus no Facebook, e seus amigos sugeriram que ele era o benfeitor anônimo. Ele não negou nem confirmou. Se for, melhor: saberemos que se trata apenas de uma excentricidade ‘do bem’.