Polarização marca repercussão da morte de Campos nas redes sociais
Durante o mês de agosto, Eduardo Campos foi citado no Twitter 393 mil vezes, segundo dados da rede social. Quase todo o montante (355 mil) ocorreu a partir das 10h desta quarta-feira, quando começaram os primeiros boatos de que o candidato do PSB à Presidência estava no avião que havia caído em Santos, no litoral de São Paulo. Informação que, duas horas depois, seria confirmada.
O que se seguiu após a confirmação da morte pode ser dividido entre mensagens de pêsames e de pessoas que queriam ver uma espécie de “teoria da conspiração” em torno do acidente. Fruto da intensa polarização em que as eleições caíram no mundo virtual e também com a facilidade que usuários de redes sociais têm em brincar com tudo –inclusive a tragédia alheia.
O primeiro a falar sobre a hipótese foi um usuário chamado Sérgio Teixeira Filho, que tem apenas 6 seguidores, por volta das 10h30. Dizia que empresários locais, que esperavam Campos para uma reunião e caminha na orla da cidade, estava atrasado e não conseguiam contato com a aeronave.
@steixeirafilho Empresários de Santos preocupados pois o candidato Eduardo Campos está sendo esperado para um evento regional.
— Sergio Teixeira (@steixeirafilho) August 13, 2014
@steixeirafilho Os empresários não estão conseguindo contato com a aeronave do candidato.
— Sergio Teixeira (@steixeirafilho) August 13, 2014
Como acontece normalmente em tragédias como a morte de Campos, as menções explodiram quando a mídia começou a noticiar que o político estava no avião acidentado. A primeira a falar sobre a hipótese foi a agência Reuters, através da conta da sucursal latino-americana:
Candidato presidencial de #Brasil Eduardo Campos viajaba en avión accidentado en Santos: fuente del partido
— Reuters Latam (@ReutersLatam) August 13, 2014
Conforme as notícias pipocavam, explodiam as menções a Campos. O auge de tuítes por minuto ocorreu às 13h30, com mais de 3.000. O gráfico abaixo mostra como se comportaram as menções a Campos desde a meia-noite desta quarta:
Passado o primeiro baque de surpresa com a notícia, vieram as brincadeiras e teorias da conspiração. Não à toa, tirando tuítes noticiosos, os que tiveram maior alcance foram algumas destas piadinhas:
eduardo campos morreu
o nome dele tem 13 letras
hoje é dia 13
13 é PT
PT é Dilma
coincidência? acho que não
— lindu (@instagranzin) August 13, 2014
Eduardo Campos tinha 9% dos votos nas pesquisas mas se dependesse do meu facebook agora ele ganharia com 120%
— luscas (@luscaspfvr) August 13, 2014
O alvo das brincadeiras, no geral, foi Dilma Rousseff. A ligação numérica feita no tuíte acima foi amplamente difundida nas redes sociais (no Whastapp desta Folha, por exemplo, recebemos de muitos leitores). A polarização política também leva aos ataques à presidente, já que Campos era um opositor. Resultado: a hashtag #FoiaDilma chegou a estar no topo dos trending topics brasileiros por volta das 15h.
E, nesta hora, vale qualquer coisa para corroborar com as teses. Por exemplo, uma notícia sobre a presidente sancionando em maio uma lei que torna sigilosa qualquer investigação sobre acidentes aéreos chegou a ser a mais lida do site nesta tarde. A maioria esmagadora dos acessos a esta nota vinham das redes sociais.
Além das teorias da conspiração, há também aqueles que tuítam com o fígado e esquecem que o momento é de luto. Foi o caso do pastor Daniel Vieira, líder da igreja Assembleia de Deus em Imperatriz, interior do Maranhão. Depois se arrependeu do que havia escrito e pediu desculpas:
O pastor @prdanielvieira evidentemente tem bom coração, prega o amor ao próximo, a paz, os ensinamentos de Jesus, né? pic.twitter.com/xBPb7UjtWC
— Andreia Freitas (@NaoInviabilize) August 13, 2014
Errei ao fazer esse infeliz comentário, todavia, as reações calorosas e violentas em nada os faz melhores do que eu!! Perdão!!!
— Pr. Daniel Vieira (@prdanielvieira) August 13, 2014