O impeachment na boca (e telas) do brasileiro
Parafraseando Lula, nunca antes na história deste país se falou (ou buscou) tanto na internet brasileira sobre impeachment.
Em tempos de operação Lava Jato, corrupção na Petrobras e adjacências, este dispositivo constitucional já usado para tirar Fernando Collor do Planalto em 1992 voltou a estar na boca do povo, ameaçando agora a recém-reeleita Dilma Rousseff (PT).
No Google, as buscas por ‘impeachment’ no Brasil batem recordes. Mensalão, em 2005? Nem chegou perto. Protestos de junho de 2013? Café pequeno.
O gráfico abaixo mostra a evolução da pesquisa pelo termo. Para explicar como funciona: como o Google não dá o número bruto de buscas, ele faz uma comparação ao longo do tempo da busca na comparação com o total de pesquisas feitas. Para o ponto mais alto ele dá o número 100, e para o restante é atribuído um valor a partir deste mais alto.
Ao longo dos últimos 10 anos, tivemos outros três picos de buscas por impeachment. O primeiro foi em agosto de 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Naquele mês, as buscas pelo termo tiveram 33% da relevância equivalente a deste mês. O segundo pico foi em junho de 2013 (36%), e o último em outubro do ano passado, durante a reta final das eleições presidenciais (71%).
Aliás, as buscas deste mês estão bem ligadas ao resultado das eleições de 2014. Os Estados onde a busca por impeachment foi mais relevante foram os do Sul, além de São Paulo, Rio, Minas Gerais e Goiás. Tirando Minas e Rio, em todos eles Aécio Neves (PSDB) teve mais votos que Dilma Rousseff.
(Antes que alguém diga que tem mais buscas nestes Estados porque são mais populosos ou algo que o valha: assim como na mensuração ao longo do tempo, o Google leva em conta aqui a porcentagem de buscas pelo termo em relação ao total de buscas).
Vale lembrar que isso não significa que todo mundo está buscando porque quer o impeachment de Dilma. Também é isso, mas não é desprezível o volume de gente que quer se informar melhor sobre o tema, inclusive para poder rebater com informação quem é a favor. Prova disso é que, nas buscas relacionadas, o nome de Collor aparece com razoável frequência.
Segundo o Topsy, o termo impeachment já foi usado em mais de 112 mil postagens no Twitter ao longo dos últimos sete dias, quando aconteceu uma nova fase da Lava Jato e a então mandatária da Petrobras, Graça Foster, pediu demissão.
Mas a maior parte dos comentários com mais relevância, segundo a ferramenta, fazem mais piadas com os pedidos de impeachment do que pedem o impeachment. O famoso espírito “hue hue BR’ em ação.
Veja alguns deles:
Não sabem o que é impeachment mas querem impeachment.
— Esteban Tavares (@estebantavares) February 10, 2015
Mas me dói o pâncreas gente que tá pedindo impeachment e acreditando que vai rolar, e ainda grita que quer democracia.
— PC Siqueira (@pecesiqueira) February 10, 2015
MOÇA ME VÊ UM COMBO DE IMPEACHMENT COM BATATA GRANDE E COCA MÉDIA SEM GELO pic.twitter.com/QyaLwP6tx5
— miss 3rd ward (@eduardisse) February 10, 2015
Ai, o Impeachment vem aí
E não vem sozinho
Vem na base do Levy
Pula, pula, pula Só imposto só
vem largando brasa
no Impeachment da vovó
— GABRIEL PINHEIRO ن (@GABRlELPINHEIRO) February 11, 2015
Que horas é o show da banda Impeachment ?
— Brisa Daitx (@BrisaDaitx) February 10, 2015
ouvi boatos de que se houver impeachment quem assume é o comendador
— Camilarpias (@harpias) February 10, 2015
em caso de impeachment, o vencedor do bbb15 será o novo presidente do brasil
— João Pedro Goulart (@jottape) February 11, 2015
"Confirmou presença em Impeachment da Dilma" já sei que é babaca!
— Joseane Silva (@jooseanee) February 9, 2015
NÃO ACREDITO QUE TEM GENTE NA INTERNET QUE ACHA QUE NUM IMPEACHMENT DA DILMA, QUEM SUBSTITUIU É O AÉCIO
FFFFFFFuck
— Ronald Rios (@ronaldrios) February 10, 2015
impeachment não é aquele negócio de quando o jacob vê a filha da bela no crepusculo?
— Danilo 0stent4çã0 (@danilo_sanches) February 10, 2015
"Compartilhe esta corrente pelo impeachment da Dilma"
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— Vívian Freitas (@vihfreitas) February 10, 2015
Acordei pedindo impeachment dos 4 kilos que estão me incomodando. Quem assume é a magreza em Cristo.
— Cleycianne (@Cleycianne) February 11, 2015
Aliás, o nome do vice-presidente Michel Temer é comum quando se fala do tema no Twitter –inclusive o termo ‘Temer’ chegou aos trending topics (assuntos mais comentados) do Brasil da rede social por duas vezes ao longo da semana. Um sinal do ‘contra-ataque’ dos petistas ao pedido de destituição de Dilma, lembrando que o vice assume caso isso ocorra, e não o segundo colocado da eleição (Aécio) ou outro depois de uma eventual nova eleição.