Menção a impeachment no Twitter cresceu no protesto –com ajuda de quem é contra
O foco dos protestos do último domingo (16) no impeachment de Dilma Rousseff, ao contrário da pauta anti-corrupção do movimento em 15 de março, também se refletiu nas redes sociais. Porém, ele foi inflado por quem é contra a saída da presidente do Planalto.
Segundo levantamento feito pelo MIDIARS (Grupo de Pesquisa em Mídia, Discurso e Análise de Redes Sociais), da Universidade Católica de Pelotas, o termo ‘impeachment’ surgiu em quase 64 mil tuítes até meados da tarde de ontem, contra 50 mil em 15 de março.
O que mudou? Basicamente, os detratores de Dilma Rousseff falaram sozinhos sobre o tema em março, e agora houve maior reação dos apoiadores, de acordo com Raquel Recuero, que coordena o MIDIARS.
Para entender como isso se deu, veja os dois gráficos abaixo. O primeiro mostra como ocorreram as interações em 15 de março, e o segundo no último domingo:
15 de março
16 de agosto
As cores indicam grupos (tendência das contas que se retuítam entre si estarem próximas umas das outras) e as conexões são retuítes ou menções.
“O mapa de 15 de março mostra uma rede menos densa, com menos gente falando de impeachment e menos atores com credibilidade –por exemplo, imprensa. Há um grupo articulado, a bola rosa, a esquerda, onde estão vários dos articuladores dos protestos de ontem, mas não há outro grupo”, explica Raquel.
Já o mapa de domingo mostra menos retuítes, mas deixa claro que há dois grandes grupos, um de apoiadores e outro de críticos do impeachment. No meio ficam as contas de imprensa, que pouco apareceram em março porque não falavam de impeachment e, agora, fizeram a ponte entre os dois grupos, pois ambos usavam as informações para manter a conversação.
Em volume, os contrários ao impeachment ganharam –o que me pareceu razoável, já que eles estavam em casa, em uma situação mais confortável para tuitar na comparação com quem estava protestando na rua.
Nenhum termo pró-impeachment chegou aos trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter no Brasil. Já a outra ponta conseguiu emplacar alguns temos, como a hashtag #CarnaCoxinha –mostrando, aliás, o tom de escárnio dos pró-governo.