Vídeo de médico cantando e tocando ukulele para bebê com câncer vai fazer sua internet valer a pena

Sarah Mota Resende

Não nos esquecemos de acompanhar os desdobramentos da Operação Carne Fraca, da Lava Jato, da reforma da Previdência ou da proposta que libera de forma ampla a terceirização no país.

Mas, em meio a toda essa profusão de notícias, um vídeo publicado no Facebook no dia 14 chamou a nossa atenção e nos fez acreditar que dias melhores virão.

Neste viral, uma criança dança ao som de um ukulele numa sala de hospital (aviso aos navegantes: prepare o lencinho antes de dar o play)!

O responsável pela música é o médico residente Paulo Martins, formado pela Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba. Ele atua desde 2015 com crianças no Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. “A pediatria foi a escolha da minha vida”, diz o médico à Folha.

ELA GOSTA DE MARÍLIA MENDONÇA

É Paulo quem toca ukulele e canta a música “Eu Sei de Cor”, de Marília Mendonça, mas é a pequena Sophia Romão, que se trata de um câncer, a protagonista do vídeo –os pais da criança autorizaram o compartilhamento da gravação.

A escolha não foi aleatória. Enquanto seguia pelos quartos, Paulo notou a pequena o acompanhando do lado de fora. “Toca uma música pra ela, Paulão”, pediram.

“Inicialmente, fiquei envergonhado pois não sabia nenhuma música infantil. Mas o pai me acalmou: ‘ela gosta de Marília Mendonça'”. Pedido feito é pedido atendido. Os passinhos de Sophia parecem denunciar que escolha agradou.

ACORDES QUE CURAM

“Eu amo música e acredito que ela pode mudar a vida das pessoas. Toco instrumentos desde os 13 anos e escolhi o ukulele pelo tamanho, menor que um violão, que é mais fácil de ser transportado para os plantões. A ideia de tocar para pacientes vem desde a graduação porque eu acredito que a música, diferente da medicação, vai no íntimo das pessoas”.

Paulo diz que pretende continuar com a iniciativa e que está contente com a repercussão do vídeo. “Com isso, mesmo longe de casa, longe da minha família, me senti abraçado. É uma relação de carinho. Levei o instrumento para distrair os pacientes e suas famílias que acabam ficando entendiados no hospital.”

Além do sucesso nas redes sociais, o doutor está surpreso com outro fato. Nas duas horas em que passou tocando, nenhuma ocorrência foi registrada na enfermaria. “Foi algo mágico”, conta.

“Quero que as pessoas que assistam ao vídeo levem esse carinho e bom-humor para o dia a dia –isso torna o ambiente mais tranquilo. E que elas se preocupem sempre com o próximo. É isso que importa nessa vida”.