As crianças desse bolão estão MUITO confiantes na vitória da seleção brasileira

Mateus Camillo

O bolão do primeiro jogo do Brasil, contra a Suíça, foi decepcionante para quase todo o país.

1×0, 2×0, 3×0, 2×1 foram os placares mais comuns nos palpites. Raro foi aquele torcedor que apostou no empate por 1 a 1, tamanha a euforia com que entramos na competição após triunfo e boa atuação contra a Áustria.

O torcedor brasileiro ficou mais cético depois da estreia e no jogo desta sexta (22) contra a Costa Rica vamos diminuir o ufanismo, certo?

Se depender das crianças da Escola Municipal John Kennedy, em Volta Redonda (RJ), não. A professora Solange Ferreira de Andrade pediu para os alunos predizerem o placar do duelo.

Isso que é confiança. Apenas sete crianças apostaram em resultados factíveis. O resto, em sonoras goleadas.

E coitado de quem apostou contra o Brasil.

Alguns estavam ainda mais confiantes, mas há limites.

O #HashtagnaCopa procurou a professora Solange Ferreira de Andrade e sua filha, Beatriz Andrade da Cunha, responsável pela postagem nas redes sociais, para conversar sobre a repercussão.

Solange trabalha com crianças de 6 e 7 anos há 25 anos, em Volta Redonda. Como são pequenos, e, geralmente, é a primeira Copa deles, não estão acostumados a torcerem para a seleção, apenas para clubes nacionais.

A professora aproveitou a oportunidade  para  colocar os conteúdos que ela precisava trabalhar, como aritmética, probabilidade, numerais, horas, dentro do contexto da Copa e ensinar às crianças o que a competição representa, como símbolos nacionais, torcida, hino nacional, o que é a seleção brasileira –trata-se também de uma boa chance para ensinar geografia, ao mostrar as 32 nações presentes na competição.

A intenção de Solange era fazer  um bolão logo no primeiro jogo, mas não deu tempo. Ela deixou, então, para o segundo jogo, contra a Costa Rica. “Seria bom até para medir como estaria o interesse deles pela Copa”, diz.

Na terça (19), ela viu que os alunos estavam conversando muito sobre o jogo de domingo contra a Suíça, e viu a oportunidade perfeita para pôr em prática o bolão.

Chamou os alunos para uma rodinha na sala de aula e convidou-os para darem seus palpites. Ela combinou um prêmio para quem acertasse: um doce ou um salgado, algo bem simples.

Tudo seguia o script de um roteiro normal. Até que Solange colocou a foto do bolão dos alunos, com alguns placares estratosféricos, como vimos, no grupo da família no WhatsApp.

Foi assim que a filha, Beatriz, viu a foto e fez a publicação no Twitter. E ela viralizou.

“Eu fiquei assustada, não estava entendendo, até liguei pra direção da escola pra contar o que estava acontecendo”, diz. No princípio, a família ficou perplexa. “Como um cartaz tão inocente viralizou desse jeito? Acho que o Brasil está tão ansioso para a seleção dar um show na Copa, como esses alunos imaginaram, que isso motivou se alastrar nas redes sociais”.

E apesar de famosos pelo Brasil inteiro, os alunos ainda não estão sabendo da repercussão. “Estou pensando num jeito de abordar isso com eles em sala de aula. Está sendo algo muito rápido, difícil de processar”.

Quem está curtindo muito o momento é Beatriz.

“Achei muito engraçado os placares, por causa da confiança que as crianças têm no Brasil e o amor à seleção”, diz.

A professora conta que resolveu respeitar os placares surreais, na esperança de no próximo jogo convencê-los a fazerem previsões mais realistas. “Eles prestariam atenção no jogo e veriam que é um placar quase impossível”.

Sobre a polêmica com os alunos que apostaram na Costa Rica, Solange viu como um ótimo momento de trabalhar em sala o respeito à opinião dos outros. “Quem não apostou no Brasil não foi muito aceito de início, mas depois perceberam a importância de ser tolerante com opiniões divergentes”, diz.

Depois da repercussão, todos ganharão um mimo.

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