Perfis da família Bolsonaro nas redes têm boom com facada, eleições e posse

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus filhos souberam usar as redes sociais como ninguém e boa parte do sucesso na campanha eleitoral de 2018 deve-se a isso.

Mesmo após eleito, o ex-deputado seguiu os passos de Trump e adotou as redes sociais para discursar.

O #Hashtag analisou, com base na ferramenta Crowdtangle, os perfis do presidente e de Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro no Facebook, Twitter e Instagram para mostrar o impacto que eventos como impeachment de Dilma, facada, eleições e posse tiveram no número de seguidores e na taxa de interação.

Na imagem abaixo, temos o total de interações (isto é, a soma de curtidas, comentários e compartilhamentos) de Jair Bolsonaro no Facebook, de janeiro de 2014 até esta segunda (7), a saber, 247 milhões de ações.

GRÁFICO 1

O total de interações é baixo e estável nos anos de 2014 e 2015. As postagens são quase que exclusivamente em fotos (cor verde no gráfico acima).

Em 2016, há o primeiro boom, na semana do dia 13 de março de 2016, pouco antes da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, que seria em abril.

Nota-se que o gráfico, a partir de 2016, passa a ser majoritariamente roxo, correspondente a vídeos –o Facebook, naquela época, incentivava o uso deste formato por parte de seus usuários para gerar maior engajamento.

Se você olhar com atenção, verá que a partir do final de 2016 e início de 2017, o agora presidente passou a investir em transmissões ao vivo (as lives), que é a ponta vermelha do gráfico, acima da cor roxa.

Ao longo de 2017 e primeiro semestre de 2018, o total de interações manteve-se estável, porém num patamar maior do que o biênio anterior.

Vale um rápido apontamento que em maio de 2017, no escândalo dos áudios de Joesley, Bolsonaro não surfou na onda, como poderia se imaginar, pois houve apenas um pequeno pico na semana da revelação, muito inferior ao pico do impeachment de Dilma, por exemplo.

Entramos, então, em julho de 2018, um mês antes do início oficial da campanha. Daí para frente, é só ladeira acima para o presidente.

Ele já vinha em franca ascensão em agosto quando, no dia 6 de setembro de 2018, Bolsonaro foi vítima de um atentado a faca em Juiz de Fora (MG).

Houve uma grande comoção no país. O então deputado passou alguns dias entre a vida e a morte. Isso ajudou a consolidar o conhecimento e a aceitação do candidato pela maioria da população, tanto que as pesquisas subsequentes indicaram um aumento na intenção de voto ao estreante na disputa.

A página de Bolsonaro no mês de outubro viu uma explosão nos números. A média de interação semanal naquele mês foi dez vezes maior, atingindo 10,4 milhões, contra 941 mil na média histórica do período analisado (relembrando, de 1/1/2014 a 7/1/2019).

O dia de maior interação da história da página foi a véspera do segundo turno, o sábado 27 de outubro: 4,2 milhões de curtidas, comentários e compartilhamentos. Confira o gráfico a seguir.

GRÁFICO 2

Essa explosão fica evidente quando olhamos os gráficos 1 e 2: as barras são muito maiores e mais encorpadas no período eleitoral de 2018.

Quem olhar com atenção os gráficos também vai perceber que há um novo crescimento nos últimos dias, maior que a média, resultado de sua posse no dia 1º de janeiro.

A taxa de interação (gráfico abaixo) começa a ser medida apenas em meados de 2015 pelo Crowdtangle. Para se chegar a ela, tem-se um cálculo mais complexo: pega-se o total de interações, divide-se pelo número de posts criado em certo período de tempo, e então divide-se novamente pela média de seguidores daquele mesmo período.

GRÁFICO 3

Exceto por um pico no começo de 2017, quando houve massacres em presídios no Norte e Nordeste, o gráfico lembra o anterior: forte durante o impeachment e na reta final das eleições. Por se tratar de uma taxa média que leva em conta proporções, e não números brutos, os índices registrados nos dois eventos são parecidos, girando em torno dos 3% –na véspera do segundo turno, há uma forte aceleração e a taxa beira os 5%.

Mas não foi somente os seguidores que passaram a se envolver mais com a página de Bolsonaro. O próprio presidente passou a usar mais a rede social, como mostra o gráfico abaixo, com o total de posts publicados pelo perfil.

GRÁFICO 4

A comparação por ano deixa isso claro: foram 361 posts em 2014; 340 posts em 2015; 866 posts em 2016; 1.110 posts em 2017; 1.408 posts em 2018. Ou seja, de 2014 a 2018, o presidente fez 290% a mais de posts em um período de 365 dias.

Como já falamos, o gráfico ficou muito mais roxo depois de 2016. Mas analisando somente as visualizações de vídeo isso é mais facilmente observado.

De praticamente inexistente o uso passou a ser sistemático.

GRÁFICO 5

O número de pessoas que curtiram a página (também só captado pelo Crowdtangle a partir de meados de 2015) cresce num ritmo relativamente constante até o início da campanha eleitoral e a facada (veja o gráfico abaixo).

GRÁFICO 6

A partir daí, registra-se um aumento vertiginoso como raramente se viu.

Bolsonaro vai de 5,5 milhões de pessoas que curtiram a página no final de agosto de 2018 para 7 milhões no final de setembro e 8,6 milhões no dia do segundo turno.

Da vitória até agora, o crescimento está um pouco mais modesto, mesmo assim é significante, atingindo 9 milhões no final do ano.

TWITTER
Apesar de ser uma rede social menor que o Facebook, o Twitter manteve-se relevante como espaço de debate de ideias e criação de memes.

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump utiliza a plataforma praticamente como um diário, no qual briga com rivais, dispara contra inimigos, bloqueia seguidores, dentre outras ações não tão republicanas.

Jair Bolsonaro, que diz abertamente se inspirar em Trump, aprimorou o uso e tornou seu perfil no Twitter uma espécie de Diário Oficial virtual. Nele, anuncia ministros e medidas que estão sendo tomadas pelo novo governo. E, assim como seu colega conservador, briga com rivais, dispara contra inimigos, bloqueia seguidores, dentre outras ações não tão republicanas.

As publicações de Bolsonaro pai e seus filhos em geral seguem um padrão. São postadas primeiro no Twitter, depois no Facebook e Instagram.

Por isso analisar os dados do Twitter são tão importantes, embora o número de seguidores por lá seja o menor dos três (2,93 milhões no Twitter, 10 milhões no Facebook e 9 milhões no Instagram).

Não é preciso, no entanto, gastarmos muito tempo nos números. Não pela falta de importância, mas porque os padrões se repetem.

O total de seguidores, por exemplo, captado pelo Crowdtangle a partir de meados início de 2016, vai numa curva constante até o início da campanha eleitoral e a facada, quando há o boom no gráfico.

Bolsonaro sai de 169 mil seguidores até os atuais 2,93 milhões (gráfico 7).

Não custa lembrar que uma parcela, difícil de estimar ao certo, desses seguidores (em todas as redes) são de perfis falsos e robôs. Mas isso acontece, em maior ou menor grau, com políticos e partidos de todas as correntes ideológicas.

GRÁFICO 7

O gráfico 8, a seguir, que mostra as interações no Twitter (soma de retuítes, curtidas e comentários) é muito similar ao gráfico 1, que apontava as interações no Facebook. Até 2018, é um tamanho quase ínfimo.

GRÁFICO 8

Vamos comparar outubro de 2014 com outubro de 2018, dois anos de disputas majoritárias nas urnas.

A média de interação semanal em seus tuítes no mês que reelegeu Dilma Rousseff foi de 647 ações.

Quando o político do PSL foi eleito, teve uma média de 149 mil interações por semana de outubro.

O presidente ficou mais ativo (igual ao que ocorreu no Facebook), como mostra o gráfico a seguir.

GRÁFICO 9

INSTAGRAM

O padrão se mantém na rede social adquirida pelo Facebook em 2012. Vamos aos gráficos e percebam como os picos ocorrem sempre nas mesmas datas.

GRÁFICO 10 (interação)

GRÁFICO 11 (seguidores)

GRÁFICO 12 (quantidade de posts)

FILHOS

E, não surpreende, constatamos o mesmo modelo de gráficos com Flávio, Carlos e Eduardo. Para simplificar, usaremos só o Facebook como exemplo.

Carlos Bolsonaro saltou de 72 mil no impeachment de Dilma Rousseff para 608 mil atualmente. No mesmo período, Flávio pulou de 123 mil para 1,3 milhão, e Eduardo, o mais popular da família, de 640 mil para 2,3 milhões.

Confira as interações de cada um, no mesmo período analisado lá em cima (1/1/2014 até 7/1/2019).

EDUARDO

CARLOS

FLÁVIO

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