No Twitter de Fabrício Queiroz, é possível ver o nascimento do bolsonarismo nas redes
A família Queiroz voltou ao noticiário nesta terça-feira (8). As duas filhas de Fabrício Queiroz, Nathalia e Evelyn Queiroz, e sua mulher, Marcia Aguiar, faltaram a depoimento agendado no Ministério Público do Rio.
Elas alegaram que não poderiam comparecer porque o acompanhavam no hospital Albert Einstein, em São Paulo, para tratamento de um câncer intestinal.
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, e amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, teve seu nome envolvido no noticiário no início de dezembro após o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontar movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta. Queiroz chegou a fazer cinco saques em apenas um dia.
Movimentações atípicas não são, necessariamente, crimes, desde que bem explicadas. Os depósitos na conta do motorista, por exemplo, coincidem com pagamento de salário na Alerj.
Desde então, a família Queiroz vêm faltando a depoimentos e fez raras aparições, como uma entrevista do patriarca ao SBT, na qual deu respostas não muito contundentes acerca da origem do dinheiro.
“Onde está o Queiroz?” virou meme nas redes sociais.
Os Queiroz, aliás, também não são facilmente encontrados nas redes. O perfil de Fabrício no Instagram, por exemplo, é o @queq3, sem nenhuma referência a seu nome de batismo.
É neste perfil que está a já clássica foto dele ao lado de Jair Bolsonaro em uma pescaria.
Diferente do que poderia se imaginar, ele não deletou seu perfil, que continua ativo até hoje, embora não haja nenhuma nova publicação desde 5 de abril de 2013.
Já as duas filhas bloquearam suas contas.
Nathalia é conhecida como personal trainer de famosos (Bruno Gagliasso e Bruna Marquezine dentre eles) e saiu da Alerj em dezembro de 2016 para integrar a equipe do agora presidente, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados. Ela se desligou do cargo em outubro de 2018, na mesma data em que o pai deixou o gabinete de Flávio.
A filha, que consta na lista do Coaf, repassou R$ 84,1 mil para o pai.
O #Hashtag encontrou o perfil do trio em outra rede social: o Twitter.
Lá, Queiroz também está inativo há mais de cinco anos. Enquanto esteve on, tuitou 268 vezes de abril de 2010 a outubro de 2013.
É possível, vendo seus tuítes, obter algumas informações sobre Queiroz e, principalmente, a ascensão do bolsonarismo.
Sua primeira postagem é uma primeira versão de um slogan que seria conhecido por todos os brasileiros.
No final do ano passado, alguns poucos internautas descobriram o perfil.
A seguir, filtramos os tuítes mais importantes, que mostram a pessoa Queiroz e o assessor Queiroz.
Ele é um pai carinhoso e preocupado com a filha (o tuíte é para Nathalia)
A primeira menção a Flávio Bolsonaro foi em 12 de abril de 2010.
No mesmo dia, também ocorre a primeira menção a Jair Bolsonaro.
Um dia depois, aparecem dois termos caros ao bolsonarismo: “cidadão de bem” e “policiais”.
Um tuíte um tanto enigmático veio na sequência.
A reação de internautas que descobriram a conta no final do ano:
Toda a temática bolsonarista sempre esteve ali.
Em 16 de abril, falou pela primeira vez com a outra filha, Evelyn (novamente, um pai carinhoso).
O #Hashtag mostrou que os Bolsonaros souberam usar as redes sociais como ninguém nos últimos anos. Uma prova disso é o tuíte abaixo, retuitado por Queiroz: preocupados desde o início com a divulgação.
Outro retuíte de Queiroz foi uma crítica ao então governador Sérgio Cabral, que hoje está preso.
Outro suporte de sustentação do bolsonarismo foi o círculo militar, presentes nesse tuíte de Queiroz.
Praticamente todos os temas da campanha de Bolsonaro sempre estiveram lá (mais um retuíte de Queiroz).
Nem só de política falava Queiroz. O futebol eventualmente entrava na pauta.
Mais um retuíte no perfil de Flávio Bolsonaro. Dessa vez, em um tema que já sofreu mudanças com nove dias de governo Bolsonaro.
Pausa para… Queiroz retuitou as notas da filha (!?!?)
No início da corrida eleitoral de 2010, Queiroz já estava em campanha para os Bolsonaros.
“Petistas” e “socialistas” aparecem pela primeira vez em 2 de setembro de 2010, no primeiro retuíte dado em Carlos Bolsonaro.
Acusações de racismo, presentes nas críticas ao bolsonarismo, aparecem pela primeira vez em 29 de março de 2011.
Um dia depois, é a vez da palavra gay aparecer pela primeira vez, em resposta à atriz Mika Lins.
Retuíte profético.
Em março de 2011, em entrevista ao programa CQC, ao ser questionado pela cantora sobre qual seria sua reação caso um filho se apaixonasse por uma negra, Bolsonaro disse: “Ô. Preta [Gil], eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu (2011)”.
Com a polêmica, Queiroz fez o seguinte retuíte:
Há também uma menção a Folha, neste retuíte.
(A entrevista completa de Jair Bolsnoaro ao extinto caderno Folhateen pode ser lida aqui)
Há críticas ao PSOL (em mais um retuíte de algum membro da família)
E um episódio que é considerado um verdadeiro turning point na ascensão do bolsonarismo: o “kit gay“.
A greve de bombeiros (da qual participou Daciolo) esteve no foco em junho de 2011.
A estratégia de divulgação das ideias de Bolsonaro e filhos se avolumava e Queiroz ajudava, cada vez com mais retuítes.
A lei seca aparece em alguns tuítes.
Alguns internautas se encasquetaram com a postagem.
A única foto publicada pelo perfil de Queiroz, sem legenda, é ao lado de Flávio e dois militares, já em 2013, depois de uma pausa de quase dois anos sem nenhuma postagem no perfil.
Ele também elogiou Clarissa Garotinho, filha do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho.
Por fim, os últimos posts, todos em 2013, são mais de cunho pessoal.
As filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn, tão citadas pelo pai, também não apagaram nem fecharam seus perfis no Twitter.
Talvez os três nem se lembrem que possuíam contas por lá, depois de tanto tempo (Nathalia usou pela última vez em 2011 e Evelyn em 2014).
Acompanhe o #Hashtag e fique por dentro do que rola nas redes sociais!
SAIBA MAIS
Onde está Queiroz? Podcast retoma caso do ex-assessor de Flávio Bolsonaro; ouça.