Como é trabalhar com redes sociais num dia em que elas não funcionam

Já posso ir embora? Essa é a primeira piada que passa pela cabeça de um social media num dia em que suas ferramentas de trabalho não funcionam –na quarta, Instagram, Facebook e WhatsApp enfrentaram instabilidade global, provavelmente a maior já registrada.

O site Downdetector, que monitora relatos de quedas, mostrava índice atípico para as redes sociais. Hashtags como #facebookdown e termos “Instagram and Facebook” se tornavam trending topic (assunto mais comentado) global no Twitter.

Diferente da queda do seu site, não basta acionar a TI pra resolver o o problema. É sentar e chorar, vendo um dia de trabalho indo para os ares com as curtidas, engajamento e novos seguidores deixados de conquistar.

Exageros à parte, meu dia até que não foi tão catastrófico.

Primeiro, a Folha não está, desde fevereiro de 2018, no Facebook, logo, esse era um pepino a menos para mim, embora eu ainda use a rede para monitorar tendências, ver o que a concorrência está noticiando e pensar em pautas.

Nosso maior problema era mesmo o Instagram, no qual temos mais de 1,2 milhão de seguidores. A partir das 14h30, nenhuma postagem nova entrou. Aparecia uma mensagem de “Publicação estará disponível assim que possível”. Já era quase meia noite quando ela foi ao ar.

Era desesperador entrar nas páginas dos principais jornais do Brasil e do mundo e ver que o último post era de horas atrás.

No feed do Instagram, nada de novo entrava. Apenas publicações mais antigas apareciam ao usuário.

No Instagram Stories, o problema se repetia, e nossa seção diária “Não Durma Sem Saber”, um resumo das notícias do dia feito numa linguagem leve, não foi ao ar pela primeira vez desde seu nascimento, em março de 2018.

Quedas nos produtos do Facebook são raras, mas costumam acontecer. O que diferiu no episódio de quarta foi a duração: a pane parcial durou quase 17 horas.

O Facebook ainda não esclareceu o que ocasionou a queda.

Então, quando os problemas já eram grandes o suficiente, vi o tuíte da atriz Leandra Leal:

O WhatsApp entrava no rol das redes com instabilidade. Na sequência, comecei a receber uma, duas, três mensagens na ferramenta: estou tentando te enviar uma foto, mas não está carregando.

Era isso: para a maioria dos usuários, a conversa era possível, mas enviar arquivos como áudio, foto e vídeo, não.

O que afetou o trabalho novamente, pois usamos na Folha o WhatsApp para comunicação com os leitores, que nos enviam sugestões de pautas, denúncias, reclamações e feedbacks.

A instabilidade não atingiu todo mundo. Ela teve picos em algumas cidades, como São Paulo, Cidade do México (México), Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Londres (Inglaterra).

E mesmo o modus operandi dela variou de pessoa para pessoa: houve quem passou o dia inteiro com o Facebook normal, houve quem conseguisse postar no Instagram, quem conseguia fazer tudo ao mesmo tempo e quem não conseguia fazer nada.

Enquanto isso, os usuários mais fiéis do Twitter comemoravam.

A plataforma não sofreu nenhum tipo de instabilidade, e inclusive foi usada por funcionários do Facebook para informações como a de que a queda não tem relação com um ataque hacker.

Nesta quinta, já voltamos ao expediente normal.