Prisões de Lula e Temer tiveram quase o mesmo barulho no Twitter nas primeiras 24 horas

Foto: Beto Barata/PR
Mateus Camillo

Até um ano atrás, o Brasil não tinha nenhum ex-presidente preso por investigação penal. Desde esta quinta (21), já são dois, simultaneamente.

Há outros dados alarmantes: dos outros presidentes que passaram desde a redemocratização, Tancredo Neves morreu antes de assumir, Sarney já enfrentou uma série de inquéritos na Justiça, Collor e Dilma foram afastados, o governo FHC ficou manchado por um escândalo de compras de votos para aprovar a reeeleição…

Quem acompanha o #Hashtag ficou por dentro dos principais memes:

E como foi a repercussão no Twitter, o principal termômetro das discussões nas redes sociais?

Para tentar ter uma base, o #Hashtag pediu à Bites, empresa de análise de dados, para comparar os dois eventos: prisão de Lula x prisão de Temer.

As menções em português a Temer desde as 11h de quinta até as 11 horas desta sexta (22), somaram 1.228.953 tuítes em português (citando Temer, seu perfil no Twitter ou as principais hashtags relacionadas à prisão). O pico foi nas duas primeiras horas da prisão.
As hashtags mais relacionadas foram só noticiando a prisão ou favoráveis a ela.
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Nas 24 horas seguintes à divulgação da expedição da prisão de Lula por Sérgio Moro, no fim da tarde do dia 5 de abril, Lula foi citado em 1.185.483 tuítes em português (considerando a menção ao nome dele, ao perfil no Twitter ou às principais hashtags favoráveis ou contrários ao ex-presidente).

As hashtags mais usadas foram pró-Lula.
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Ou seja, em números absolutos, a prisão de Temer fez mais barulho que a de Lula nas 24 horas seguintes à expedição do pedido de prisão. Diferença pouca, de 44 mil tuítes, mas ainda assim uma diferença.

Para André Eler, gerente de relações governamentais da Bites, há alguns fatores que explicam isso.

Primeiro, a de Lula foi uma ação mais distendida, que durou 48 horas entre a expedição da prisão e a entrega, de fato, de Lula.

No sábado (7), quando ele fez um comício em São Bernardo, onde havia montado um bunker no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e logo depois se entregou, houve dois novos picos, mas que não chegaram a bater a hora da decretação da prisão. A soma desde as 18h de quinta até a noite de sábado foi 2.863.501 tuítes em português.

Outro fator que pode ter pesado, segundo Eler, é a consolidação das redes, e do Twitter em específico, como palco do debate político brasileiro.

Algo que sempre existiu desde que a rede se tornou popular por aqui, em 2008, mas que cresceu em volume com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) em outubro do ano passado.

O próprio presidente contribui para isso ao usar o Twitter como um de seus principais canais de comunicação, o que também gera ruídos e polêmicas, como foi no caso golden shower.

O que difere o comportamento nas redes nas duas situações, avalia Eler, é a quase unanimidade em torno da prisão de Temer. “Não há uma militância em torno dele como há com o Lula. Em certos casos, o engajamento favorável ao petista chega a superar os ataques no peso das redes”, diz.

Dos tuítes com maior engajamento na prisão de Temer, um fazia crítica, por tabela, ao presidente Bolsonaro.
Um segundo fez uma observação curiosa.
Um terceiro veio com uma velha piada que sempre se mantém atual.
As defesas de Temer são raras. Os tuítes de maior alcance em tom mais neutro abordam a questão do jogo de poder do mundo político.
FACEBOOK
No Facebook, é mais difícil encontrar esse tipo de dado absoluto. Para não deixar o leitor sem número algum, mostraremos o engajamento (soma de reações, comentários e compartilhamentos) da página de Lula em três ocasiões, segundo a ferramenta Crowdtangle.
Enquanto Lula tem 4 milhões de seguidores, a página de Temer possui 700 mil. O perfil não publica nada desde 2 de janeiro, pouco depois de deixar o mandato de presidente. A página, no entanto, não está totalmente parada. Internautas estão comentando sobre a prisão do emedebista em tom de chacota, contra ele e contra os apoiadores de Lula.
GOOGLE
Já no Google, Temer não chegou nem perto de Lula. A prisão do emedebista teve menos da metade das buscas que a prisão de Lula.

No período de 1 de março de 2018 até esta sexta-feira (22), Lula é quem tem o ápice do interesse de busca, representado pelo valor 100. Esse pico ocorre no dia 7 de abril, data em que ele é de fato levado à prisão.

Temer, nesse comparativo, teve um índice de 44 na quinta, dia de sua prisão – valor 56% menor que as buscas por Lula no dia equivalente.

O índice de quinta, contudo, não foi o recorde de buscas por Temer dos últimos anos. Analisando as buscas por Temer desde 2016, quando ele assume a presidência no lugar de Dilma Rousseff, o pico de interesse foi em 18 de maio de 2017, um dia após vazamento da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista.

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