Discussão de economistas sobre gráfico do BNDES termina em debate de gênero no Twitter

Mateus Camillo

Arthur Cagliari

 

Economistas brasileiros que discutiam gráfico sobre a caixa-preta do BNDES nas redes sociais nesta terça-feira (18) levaram o assunto para uma seara diferente: a questão de gênero.
 
Tudo começou quando a economista Mônica de Bolle publicou um gráfico em sua conta no perfil do Twitter em que mostrava a relação entre investimentos do BNDES e o PIB do Brasil em cada ano (de 2001 a 2018).
 
 
O coordenador-geral de ciência de dados da Enap (Escola Nacional de Administração Pública), Leonardo Monasteiro, comentou a publicação da economista, pedindo para de Bolle fazer uma alteração em seu gráfico.
 
Entre as publicações sobre o BNDES, de Bolle indicou em sua conta algumas mulheres economistas para seus seguidores acompanharem nas redes. 
 
Nesta quarta-feira (19) pela manhã, de Bolle escreveu que iria republicar a lista em outros momentos “por várias razões”. Uma delas, segundo a economista, seria que, após a publicação do gráfico do BNDES, três homens deram instruções sobre como não manipular dados.
 

Felipe Salto, economista e diretor do IFI (Instituto Fiscal Independente), republicou o texto de de Bolle e a defendeu, dizendo que “os debates, em geral, estão envoltos em uma aura de intolerância coletiva”.

 

Na sequência, a economista Elena Landau questionou Salto se ele achou que Monasteiro foi indelicado. Salto disse que sim, que, mesmo conhecendo Monasteiro e sabendo que ele é correto, houve uma sutil indelicadeza do coordenador da Enap.
Landau responde Salto, dizendo que não viu indelicadeza nenhuma e que de Bolle não é delicada com os que não concordam com ela.
Monasteiro entrou na conversa dizendo que sempre critica gráficos de quem quer que seja e que não tem controle sobre como as pessoas se sentem.
 
Salto, então, disse que entende a intenção de Monasteiro, mas afirmou que a forma é importante. “Talvez se tivesse colocado de outra maneira, não gerasse esse efeito.”
 
Landau segue a discussão, dizendo que de Bolle já “usou escudo de gênero” até contra ela. “É um desserviço as mulheres que são realmente ironizadas e atacadas.”
 
O economista Alexandre Schwartsman entrou no debate defendendo Monasteiro, “um dos comentaristas mais ponderados”. “Tem gente que não perde o hábito”, escreveu Schwartsman que disse ainda que “só pode ser reflexo da falta de conteúdo”.
Landau lançou, então, a hashtag #somostodosLeo, que foi seguida de um comentário de salto: “Ah, Elena, menos, né?”

E no final Mônica de Bolle publicou mais um vídeo.