A Hebraica do Rio é confrontada nas redes por acusação de omissão após polêmico discurso de Bolsonaro em 2017
Diana Lott
Nesta sexta-feira (17), “Hebraica”, em alusão ao clube A Hebraica do Rio de Janeiro, figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter.
A entidade foi envolvida em uma polêmica em 2017, quando convidou Jair Bolsonaro para dar uma palestra –à época, ele era deputado e já despontava como pré-candidato à eleição de 2018.
Na ocasião, Bolsonaro disse que tem “cinco filhos, quatro são homens, no quinto eu dei uma fraquejada, veio uma mulher”. Criticou a presença de refugiados no país, dizendo que quilombola “não serve nem para procriar”.
Foi aplaudido diversas vezes e chamado de “mito”.
Membros da comunidade judaica condenaram o clube A Hebraica do Rio por dar espaço para o então deputado Jair Bolsonaro.
Nesta sexta, muitos criticaram o fato de o clube não se manifestar, em 2017, com o mesmo vigor após o vídeo de Roberto Alvim copiando o ministro Joseph Goebbels, da propaganda nazista.
O presidente do clube Hebraica do Rio de Janeiro, Luiz Mairovitch, condenou as declarações de Roberto Alvim, agora ex-secretário de Cultura, e disse que a instituição repudia qualquer forma de preconceito contra judeus, negros, quilombolas e índios.
“A comunidade ficou em choque. Foi assustadora a forma como ele abriu o vídeo, com a música de Wagner ao fundo. Nós tomamos um susto.”
Questionado sobre as acusações nas redes, desconversou. “Esse assunto já foi passado, eu não queria entrar nesse termo, estamos falando do presente. Nós repudiamos veementemente, não estamos de acordo em nenhum momento e ele [Alvim] vai sofrer as consequências da lei. Não quero voltar ao passado, o que é passado é passado.”
Mairovitch disse não haver incoerência entre ter recebido Bolsonaro em 2017 para uma palestra e condenar o episódio envolvendo Alvim.
“[A Hebraica Rio] não apoiou Bolsonaro. Fizemos um contato para saber o que ele pensava, quais eram suas propostas, não foi definido que o apoiaríamos.”
À época do evento, Mairovitch disse estar “aberto a ouvir ideologias A ou B, importante é conhecer os perigos ou benefícios que um político pode trazer. Não adianta fingir que ele ou tal ideologia não existe”.
O presidente da entidade afirmou ainda que apoia a decisão do governo de demitir Alvim. “A atitude [de Bolsonaro] não foi nada diferente do que imaginávamos”.
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