8 dicas para não disseminar fake news sobre o coronavírus

A repórter e colunista da Folha Cláudia Collucci escreveu em janeiro sobre as fake news relacionadas ao coronavírus. As mentiras nas redes se disseminam mais rapidamente do que a doença.

Os boatos são de todos os tipos. De óleo de orégano, prata coloidal a chá de erva-doce como tratamentos naturais contra a doença a posts sugerindo que os EUA criaram e patentearam o coronavírus.

As gigantes da internet Facebook, Google e Twitter divulgaram estratégias para conter a onda de informações falsas.

Essas iniciativas, embora louváveis, são insuficientes para barrar os boatos.

É preciso que cada indivíduo tenha papel ativo em não levar para a frente uma mentira.

O #Hashtag separa algumas medidas que podem ajudar nesse processo.

1. Consciência
Antes de compartilhar qualquer mensagem sobre o coronavírus, pare e reflita. Essa mensagem faz mesmo sentido? É possível que um óleo de orégano ou qualquer outro produto natural cure os efeitos de um vírus recém-descoberto? Não há milagres. Cientistas já estão trabalhando em uma vacina, mas o desenvolvimento pode levar meses.

2. Fontes oficiais
As mensagens no WhatsApp ou Facebook podem ter sido escritas por qualquer um e conter erros, propositais ou não. Por isso é importante só compartilhar fontes confiáveis. O Ministério da Saúde tem feito coletivas e disponibilizado informações em seus canais oficiais (siga o Twitter oficial da pasta). Veículos de mídia como a Folha reproduzem esse conteúdo e contextualizam com mais detalhes.

3. Não há motivos para pânico
Um dos motivos para que tantas fake news circulem em tão pouco tempo é o medo que as pessoas sentem à medida que o surto vai se aproximando de suas realidades. Enquanto o vírus circulava apenas na Ásia, havia pouco interesse no mundo ocidental. Quando o primeiro caso foi confirmado nos EUA, houve um boom de interesse pelo tema no Brasil. Na quarta-feira (11), a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou pandemia com a disseminação do Sars-Cov-2 por mais de cem países, em todos os continentes. Em janeiro, a entidade já havia declarado emergência de saúde internacional. Isso não significa, no entanto, que devemos entrar em pânico. A taxa de letalidade da doença está em 3,7%, com 5.088 mortos de um total de 137 mil pessoas que contraíram a doença . É uma cifra maior que a do sarampo —2,2%— , e bem menor que a do ebola —51%. A gripe, por exemplo, tem uma taxa de letalidade bem mais baixa, de 0,1%, mas é preciso considerar que o número de infectados é muito maior, de dezenas de milhões de indivíduos. Em 2009, quando se propagou a chamada gripe suína, estima-se que 200 mil pessoas tenham morrido. Seguir os principais protocolos de prevenção ainda é a medida mais eficaz, como lavar bem as mãos e evitar contato estreito com pessoas portadoras de sintomas respiratórios e febre.

4. Conversa
É hora de os mais instruídos conversarem e orientarem pessoas da família, amigos e colegas. Vale mandar uma mensagem no grupo da família, chamar o pai, a mãe, o tio, a tia e o cunhado para uma conversa pessoal e explicar que muitas fake news sobre o vírus estão circulando e que repassar qualquer mensagem sem checar a origem só agrava a desinformação.

5. Google
Muitos compartilhamentos de conteúdos falsos poderiam ser evitados com uma simples busca no Google. Recebeu uma mensagem sobre o coronavírus e não tem certeza da veracidade? Simples. Abra o Google (google.com) e digite as palavras-chave da mensagem que recebeu (se quiser pode até copiar o texto inteiro). Se for mentira, provavelmente haverá inúmeros links de sites de jornalismo profissional e de checagem de conteúdo desmentindo o boato.

6. Dê um toque
Recebeu um conteúdo falso, seguiu os passos acima descritos e identificou que era uma fake news? Parabéns! Agora o próximo passo é alertar quem repassou a mensagem a você de que aquele material é uma mentira. Conte todas essas dicas que você aprendeu aqui. Pode até causar um desconforto, mas é importante para criar essa cultura da verdade nas redes. A pessoa do outro lado pode ficar constrangida e pensar duas vezes na hora de compartilhar novas mensagens sem o devido cuidado.

7. Deixe a política de lado
Vivemos uma época de extrema polarização. Esse é um momento de esquecer completamente qualquer rivalidade política. O coronavírus não é culpa da esquerda ou da direita. Precisamos que todos os políticos tomem medidas corretas de prevenção e investimento em saúde pública para que a pandemia atinja o menor número possível de pessoas. Portanto, vale conversar no grupo da família mesmo que tenha aquele tio chato com o qual você não fala há séculos. Um amigo compartilhou uma ofensa ao político que vocês dois não gostam, mas se trata claramente de uma fake news? Fala com ele que não aquilo não está correto, sugira que delete o post.

8. Não confie no algoritmo
O algoritmo de redes sociais como o YouTube faz com que vídeos com informações duvidosas apareçam nas relacionadas mesmo se o primeiro vídeo que você assistiu seja de uma fonte confiável. O algoritmo é um sistema complexo de recomendação que usa inteligência artificial para recomendar o próximo vídeo, que começa a rodar de forma automática. O algoritmo é uma caixa-preta cuja forma de funcionamento não é revelada pelas empresas como Facebook e Google. Mas pesquisas indicam que conteúdos falsos ou de teorias conspiratórias tendem a aparecer com mais frequência nas recomendações.