Pelo 2º ano seguido, Brasil entra em ebulição nas redes no fim do Carnaval

Mateus Camillo

A terça-feira de Carnaval do brasileiro não terminou de maneira tranquila nas redes sociais, repetindo a dose do ano passado.

Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (atualmente sem partido) foi responsável pelo tumulto ao compartilhar vídeo de golden shower em um bloco de São Paulo, sugerindo que a cena tem se tornado normal no país. O assunto repercutiu por dias e maculou a imagem do Brasil no exterior.

Em 2020, Bolsonaro novamente protagoniza em redes sociais um episódio capaz de gerar consequências imprevisíveis.

Um ato marcado para o dia 15 de março que prega bandeiras de extrema direita, contrárias ao Congresso e em defesa de militares e do atual governo foi endossado pelo presidente da República, que encaminhou a amigos um vídeo que convoca a população a ir às ruas para defendê-lo.

A mobilização estava prevista desde o final de janeiro, mas acabou mudando de pauta e encorpando pautas autoritárias após o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, atacar o Legislativo na semana passada.

Pelas redes sociais e por WhatsApp, apoiadores do presidente postam imagens de ataque ao Congresso, retirada dos comandantes da Câmara e do Senado e de alusão ao uso das Forças Armadas no movimento.

O ato de Bolsonaro gerou repúdio imediato de diversos atores do mundo político.

FHC

Doria

Lula

Haddad

Ciro Gomes

Boulos

Voltou à tona, mais uma vez, entrevista de 1999 à TV Bandeirantes em que o então deputado federal Jair Bolsonaro se diz favorável a fechar o Congresso Nacional.

“Não há a menor dúvida [de que é preciso fechar o Congresso Nacional]. Daria golpe no mesmo dia [se fosse presidente da República]. Não funciona! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa e bater palma. O Congresso hoje em dia não serve para nada, xará. Só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, então dê logo o golpe, parte logo para ditadura”.

Questionado se tinha esperança de ver o Brasil ser um país melhor no futuro, Bolsonaro respondeu que “através do voto você não vai mudar nada neste país”, e defendeu uma guerra civil que mate “pelo menos uns 30 mil”, incluindo FHC, mesmo que “morram alguns inocentes”.

A hashtag #ImpeachmentdeBolsonaro já se tornou popular no Twitter entre opositores do presidente.

E Bolsonaro está sendo acusado, mais uma vez, de crime de responsabilidade.

A lei  nº 1079, que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento, diz, em seu artigo 4º:

“São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra:

II – O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados”.

Não foi apenas o noticiário político, no entanto, que movimentou esse restinho de feriado.

O Brasil confirmou o primeiro caso do novo coronavírus. Paciente esteve recentemente na Itália, país que enfrenta explosão de casos.

Ainda não há motivos para pânico, mas a reação natural do ser humano é se assustar com notícias como a de um novo vírus global com potencial de pandemia.

O fato de o Carnaval ter reunido multidões nos últimos dias preocupa alguns brasileiros.

Por isso mesmo surgem piadas com os trajes dos próximos dias.

Atenção: não espalhe fake news sobre o coronavírus.

No meio disso tudo as imagens não estavam carregando no Twitter.

Um resumo dessa terça de Carnaval.

Apesar de o Brasil estar em ebulição, dos dez assuntos mais comentados no Twitter no final da noite desta terça-feira (25), oito são de Big Brother Brasil, que conheceu sua primeira mulher eliminada nesta edição. As únicas exceções: “#ImpeachmentdeBolsonaro, com 16 mil tuítes, e #coronavirusbrasil, com 38 mil publicações.