Uma semana maluca resumida em hashtags no Twitter
A semana que termina neste sábado é provavelmente a mais maluca que a maioria dos brasileiros já viveu.
Um país que já passou por suicídio de presidente, golpe militar, Diretas-Já, dois impeachments, junho de 2013 e o 7 a 1 passou a conviver com algo totalmente inédito em sua história: fechamento de fronteiras, isolamento social, ruas desertas em plena hora do rush.
Os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter ajudam a mostrar como a semana foi se desenrolando.
DOMINGO, 15
A principal hashtag foi #BolsonaroDay, com mais de 1,5 milhão de tuítes. Mais forte na internet do que nas ruas, mostrava o apoio de militantes digitais aos atos convocados por Bolsonaro contra o Congresso e o STF. Nesse dia, o presidente não seguiu recomendações sanitárias e cumprimentou apoiadores na porta do Palácio do Alvorada. São pelo menos 23 membros de sua comitiva aos EUA que estão com coronavírus.
SEGUNDA, 16
No dia seguinte, duas tags antagônicas se destacavam. De um lado, #vaipraruamaia, com críticas ao presidente da Câmara Rodrigo Maia, sugerindo que ele saísse às ruas para ver aglomerações (e ouvir críticas da população).
Do outro lado, #ImpeachmentodoBolsonaroURGENTE, impulsionada em parte pelo discurso radical da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) em que defende a saída de Bolsonaro e entrada de Mourão na Presidência.
TERÇA, 17
As medidas de restrições de circulação cresciam em todo o planeta. Na terça o destaque fica com uma hashtag que vai direto ao ponto: FICA EM CASA!
Como alguém escreveu no Twitter, “nunca foi tão fácil salvar a humanidade. É só ficar em casa”.
QUARTA, 18
Em resposta aos crescentes pedidos de impeachment de Bolsonaro, a militância digital reagiu. A hashtag #Respeitem57MilhõesdeEleitores teve cerca de 70 mil menções, segundo a Sprinklr, plataforma unificada para gestão de canais digitais. As palavras mais associadas foram: presidente, bolsonaro, mídia, honesto, @jairbolsonaro.
No entanto, era comum entrar na hashtag e ver tuítes contrários. Essa é uma regra importante das redes sociais: não é porque determinado assunto está em evidência com um título que sugere apoio ou crítica, que essa hashtag será 100% favorável ou contrária. Muita gente “entra” na hashtag do outro lado exatamente para causar essa bagunça.
QUINTA, 19
O deputado federal Eduardo Bolsonaro criou uma crise diplomática com a China, maior parceiro comercial do Brasil, ao culpar o país pelo coronavírus. A publicação do filho do presidente nas redes sociais foi na quarta à noite e os reflexos foram sentidos ao longo da quinta.
A militância bolsonarista endossou as palavras do parlamentar e a hashtag #VirusChinês foi a principal do dia. A Agência Pública mostrou neste sábado (21) que a tag contou com uso de robôs e foi coordenada por influenciadores virtuais pró-Bolsonaro.
SEXTA, 20
Na sexta o principal assunto voltou a ser coronavírus (o vírus em si, e não disputas políticas consequência da pandemia). #CoronavírusPlantão dominou o Twitter, com posts que misturam preocupação e uma certa dose de humor, além de apoio a profissionais de saúde.
SÁBADO, 21
A semana termina mais ou menos da forma como começou. Com a militância bolsonarista em polvorosa. É que Jair Bolsonaro completa 65 anos neste sábado. Por isso o #HappyBirthdayBolsonaro está em destaque no Twitter.
O presidente Jair Bolsonaro prometeu dar uma festinha em casa nesse final de semana, novamente contrariando orientações de evitar aglomeração. No domingo, é aniversário também da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na sexta, ele voltou a minimizar o coronavírus. “Depois da facada, não vai ser uma ‘gripezinha’ que vai me derrubar”, disse.
O noticiário da semana não parou por aí. Houve quatro dias seguidos de panelaços contra Bolsonaro, que reagiu convocando seguidores a também manifestar apoio nas janelas. Um vídeo de um haitiano dizendo “Acabou, Bolsonaro” viralizou no país. E, claro, incontáveis desdobramentos sobre o avanço do coronavírus no Brasil e no mundo.
Até a próxima semana!