Reprise do penta na Globo transformou redes sociais em túnel do tempo

Em 2002, quando o Brasil bateu a Alemanha e se tornou um inédito pentacampeão do mundo no futebol masculino, o conceito de rede social ainda era um tanto vago –para se ter uma ideia, nem o finado Orkut, que só nasceria em 2004, existia.

Na tarde deste domingo (12), a TV Globo reprisou a final histórica da Copa de 2002 contra os alemães no Japão, 12 anos antes do traumático 7 a 1 no Mineirão pela Copa de 2014.

Conseguiu, com isso, transformar as redes sociais em um verdadeiro túnel do tempo, em um movimento que contou com duas categorias de pessoas: aquelas nascidas de meados dos anos 90 para trás, que reviveram suas memórias daquele jogo, e as nascidas dos anos 90 para frente, que descobriram a jornada heroica daquele título.

Com as pessoas trancafiadas em casa há semanas por causa do coronavírus, a estratégia da emissora carioca em reprisar o duelo mostrou-se bem sucedida, como mostram as prévias de audiência do Ibope e os trending topics do Twitter.

Na rede social, os assuntos mais comentados a partir das 16h eram majoritariamente ligados ao jogo: Ronaldo, Alemanha, Kleberson, #Copa2002, Lúcio, Roberto Carlos, Edmílson, Felipão, Denílson, Cafu, É PENTA.

Foi também uma experiência de quais cenas e momentos teriam virado memes se eles já existissem. O Edmílson todo atrapalhado com a camisa da seleção provavelmente seria o destaque do #Hashtag de 2002.

Na era do boom das lives em redes sociais, a reprise se torna um registro importante de como a televisão tradicional ainda consegue pautar o debate em mídias externas e também criar um momento de transe coletivo em que os problemas (de saúde e políticos) do país foram deixados de lado.

Quem não se pegou relembrando onde estava naquela final de 30 de junho de 2002 ou o que fazia naquela fase da vida? Quantos não choraram ou se arrepiaram vendo aquelas cenas narradas pelo inconfundível Galvão Bueno?

Definitivamente, éramos felizes e não sabíamos.

A seguir, alguns tuítes que saíram do túnel do tempo.

Kleberson, volante daquele time, fez uma Copa espetacular e foi contratado como grande promessa pelo imponente clube inglês Manchester United. Na apresentação, esteve ao lado de uma figura menos conhecida até então, um tal de Cristiano Ronaldo. Kleberson ou Cristiano Ronaldo, só o tempo iria dizer quem seria melhor.

No domingo, a traumática lesão de Ronaldo no joelho direito enquanto atuava pela Inter de Milão completou 20 anos. Muitos decretaram ali o fim da carreira do Fenômeno. Como a final de 2002 mostrou, essas pessoas estavam erradas.

Enquanto o Brasil não encarar a Alemanha em uma Copa do Mundo novamente e ganhar bem, o trauma do 7 a 1 vai permanecer, principalmente para a geração que não viveu o título de 2002.

A cena em que o volante e zagueiro Edmílson se atrapalha todo com a camisa da seleção é a principal candidata para meme da noite. A culpa não é do atleta. A CBF criou um modelo “de tecnologia avançada” que aumentaria o rendimento do atleta, mas talvez tenha se esquecido de testar antes em humanos. O uniforme tinha uma espécie de colete interno acoplado ao pano principal, que dificultava sua inserção.

Muito antes das tresloucadas investidas ao ataque de David Luiz, que levariam ao desespero os brasileiros em 2014, o zagueiro Lúcio já aprontava das suas na Copa de 2002. A diferença é que fomos campeões, mas a prática era tão arriscada quanto.

Quem jogou futebol no PlayStation 1, em algum momento, tirou o Roberto Carlos da lateral e botou logo no ataque. A força de seu chute era impressionante.

Na época, houve um clamor popular pela presença de Romário. Felipão não sucumbiu à pressão e mostrou que estava com a razão.

Ronaldinho Gaúcho foi um dos destaques daquele time. Ele ainda estava no PSG, da França, e só terminaria de alcançar a glória futebolística no Barcelona, onde se tornou duas vezes o melhor jogador do mundo. 18 anos depois da final, no entanto, o ex-craque estampa o noticiário policial. Está em prisão domiciliar no Paraguai após ele e o irmão Assis entrarem no país com passaportes falsos. Pelo menos continua o rei dos rolês aleatórios.

O Brasil de 2002 era um time peculiar. Havia um jogador que raramente dava chute a gol ou criava efetivas jogadas de perigo. Denílson. Mas ele era especialista na arte de prender a bola com sucesso em meio a dribles fantásticos. É clássica a cena na semifinal contra a Turquia, quando o atacante corre em direção a lateral perseguido por quatro rivais.

Quando ergueu a taça, o capitão Cafu tinha uma mensagem em sua camisa: “100% Jardim Irene“, em homenagem à comunidade em que nasceu na periferia de São Paulo. Ele ainda balbuciou algumas palavras que entrariam para a história: “Regina, eu te amo”, uma declaração de amor à esposa, com a qual é casado até hoje.

Ela foi a musa da Copa. Fátima Bernardes tudo podia.

É isso. Acabou, é pentaaaa, é pentaaaa!