‘Nenhum presidente é maior que seu ministério’, dizia Bolsonaro em vídeo de campanha que voltou à tona nas redes

O oncologista Nelson Teich se tornou nesta sexta-feira (15) o terceiro ministro a deixar o governo Bolsonaro, em menos de um mês, acuado em meio a interferências do presidente.

Teich pediu demissão do ministério da Saúde após ultimato de Bolsonaro na quinta-feira (14) sobre a cloroquina. A saída de Mandetta da mesma pasta se deu em meio a uma disputa sobre isolamento social. Moro largou o barco em um anúncio bombástico em que acusa o presidente de interferir na Polícia Federal para proteger os filhos.

Foram dois os principais episódios de ingerências de Bolsonaro na pasta da Saúde.

Na quinta, em uma teleconferência com grandes empresários organizada pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, Bolsonaro afirmou que o protocolo sobre o uso da cloroquina “pode e vai mudar”.

“Agora votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim. Está tudo bem com o ministro da Saúde [Nelson Teich], sem problema nenhum, acredito no trabalho dele. Mas essa questão da cloroquina vamos resolver. Não pode o protocolo —de 31 de março agora, quando estava o ministro da saúde anterior [Luiz Henrique Mandetta]— dizendo que só pode usar em caso grave… Não pode mudar o protocolo agora? Pode mudar e vai mudar”, declarou Bolsonaro.

Mais cedo, na segunda (11), Teich foi informado pela imprensa de decisão do presidente de aumentar a lista de atividades essenciais com salões de beleza, academias e barbearias, mostrou-se surpreso e virou alvo de memes. O fato reforçou a visão de que o ministro estava afastado de decisões que interferem em recomendações da Saúde.

Circula nas redes a composição do novo ministério de Bolsonaro.

Usuários, então, recuperaram um vídeo de campanha em que Bolsonaro dizia que “nenhum presidente é maior que seu ministério”. Confira:

“O segredo para bem administrar o Brasil  é botar as pessoas certas no ministério certo. O que vem sendo feito ao longo dos anos? O presidente indica por interesses políticos-partidários. Tem tudo para não dar certo. Qual é nossa proposta? É indicar as pessoas certas para os ministérios certos. Por isso não não entregamos o centrão tão pouco estamos na esquerda de sempre. Vamos escalar as pessoas certa.s Assim você poderá de verdade ter saúde, educação e segurança”, dizia Bolsonaro.

“Ué?”, é a reação.

Não é deepfake.

A velha contradição entre discurso de campanha e realidade.

Nova ou velha política?

Há não muito tempo atrás…

Não é o primeiro vídeo da época da campanha de 2018 que ganha nova vida nas redes.

A negociata do governo Bolsonaro com o centrão fez usuários das redes recuperarem um vídeo do general Augusto Heleno, atual chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Na filmagem, ele canta: “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”.