Uso de smartphones cresceu na pandemia e mudou forma como mulheres, idosos e mais pobres se conectam

O smartphone em nossas mãos já era um hábito antes da pandemia e as mudanças impostas por uma quarentena forçada aumentou esse quadro. Home office, aulas a distância, lives o tempo todo e chamadas em vídeo com pais e filhos distantes foram comportamentos impulsionados pelo coronavírus.

Pesquisa do Google no meio da pandemia com 507 pessoas com celulares Android em todo o país dissecou, em números, como foi esse aumento em relação ao uso do dispositivo.

No estudo, 61% dos entrevistados disseram usar mais seus smartphones. Aulas online (17%), videochamadas (16%) e lives (15%) são três atividades que os entrevistados não realizavam antes, mas que começaram a fazer devido ao isolamento.

O distanciamento social também fez com que muitos dos entrevistados começassem a praticar exercícios físicos online (10%), conferir receitas (9%) e trabalhar ou promover seu próprio negócio (8%).

O percentual de mulheres que passaram a usar mais os seus smartphones foi maior do que o dos homens: 65%, contra 56% dos homens –o número é ainda maior entre aquelas com idade entre 35 e 44 anos (70%, ante 45% dos homens) .

“As mulheres nesta faixa etária, no geral, acumulam atividades do trabalho, casa e maternidade e essa é a principal razão dessa diferença no aumento entre os gêneros”, afirma Claudia Giunta, diretora de pesquisas para o consumidor do Google Brasil.

O aumento na utilização do celular fez com que os usuários se atentassem mais com a proteção de seus dados. A segurança digital após a pandemia passou a ser motivo de mais preocupação para 46% dos entrevistados.

O levantamento também constatou um aumento de 25% no interesse por aplicativos de limpeza de espaço do celular por causa da grande quantidade de compartilhamento de arquivos nesse período. Dentre os arquivos que as pessoas mais recebem, 32% declara estar recebendo vídeos, 30% memes e 22% fotos, seguidos por 22% áudios, 19% documentos e 18% stickers.

Nos memes, homens de 35 a 44 anos (34%) e mulheres de 25 a 34 anos (38%) são os que mais recebem as brincadeiras.

O consumismo também mudou. Para 37% dos entrevistados, compras online e pedidos de delivery aumentaram, sendo que 22% pretendem continuar com a frequência dos pedidos após o isolamento. Além disso, 40% dos entrevistados disseram que começaram a fazer mais compras em negócios pequenos e locais neste período. Cresceu também o uso de carteiras digitais, segundo 31% dos entrevistados.

“Deu para ver a classe mais baixa se digitalizando mais rapidamente para conseguir vender o que vendia antes ou para criar uma ferramenta de forma rápida”, diz Claudia.

Outra dificuldade que os mais pobres enfrentam é no acesso à educação remota. O Google afirma que a abertura do Google Meet para até 300 usuários ajudou a prover esse segmento com uma ferramenta acessível e sem tempo limitado para garantir reuniões e aulas.

O desafio na área da educação, conta Claudia, não se limitou aos alunos. Os professores tiveram que se digitalizar do dia para noite e aprender a dar aula online, que exige uma dinâmica completamente distinta.

O público mais velho foi afetado principalmente nas videochamadas. Tiveram que aprender a mexer em ferramentas online para conseguir se conectar com os familiares.

Um dos itens de primeira necessidade detectados pela pesquisa foi de acessórios melhores para passar pelo período de home office na quarentena, como fones de ouvido. “Pelo excesso de informação, as pessoas queriam algo para conseguir se organizar e se concentrar”, diz.

Se o uso de smartphones é útil em várias situações, em excesso pode fazer mal à saúde mental. Questionado, o Google citou como exemplo de aperfeiçoamento da experiência o aplicativo “Bem-estar digital”, para dispositivos Android. Nele, é possível ver com que frequência você usa diferentes apps, quantas notificações recebe por dia, quantas vezes verifica o smartphone ou desbloqueia o dispositivo.

No painel de controle é possível ativar o “Modo Sem Distrações”, para se concentrar no trabalho ou no jantar sem ter a ansiedade de olhar toda notificação que chega.

Mais dados da pesquisa do Google:

  • 49% das pessoas compraram ou aumentaram o interesse em comprar dispositivos eletrônicos como smartphones, notebooks, computadores e tablets nas últimas quatro semanas.
  • 64% das pessoas estão consumindo mais conteúdo de artistas e youtubers e a maioria da população (75%) se sente grato por isso.
  • 61% das pessoas estão mais cansadas de usar as telas de dispositivos eletrônicos durante o distanciamento social do coronavírus.
  • 60% das pessoas estão se sentindo mais sobrecarregadas com o consumo de informações durante o distanciamento social do coronavírus.
  • 35% das pessoas percebem o smartphone como um gadget que tem afetado o bem estar e as horas de sono
  • 66% das pessoas pensam e desejam saber como fazer “detox digital”