Movimento nas redes gerou mais de um milhão de posts com pergunta incômoda a Bolsonaro
O movimento que surgiu nas redes sociais na tarde deste domingo (23) após Bolsonaro ameaçar agredir um repórter do jornal O Globo mobilizou mais de um milhão de publicações apenas no Twitter, realizadas por 353 mil usuários. Os dados são de Fabio Malini, pesquisador e especialista em extrações de dados de plataformas sociais.
Uma característica que se destacou no movimento de domingo foi o caráter espontâneo dele. Grandes mobilizações costumam acontecer puxada por influenciadores, artistas ou por agentes políticos instalados no poder, como o “gabinete do ódio” de Jair Bolsonaro no Planalto.
No entanto, como destaca Lucas Lago, tecnologista e criador de projeto que monitora tuítes apagados, não tinha hashtags nem foi composta só de RTs.
Forças como Anitta e Felipe Neto entraram no movimento horas depois de ele já ser viral nas redes, o que demonstra seu caráter orgânico. Ele foi puxado, majoritariamente, por jornalistas, colegas de profissão do repórter de O Globo, e depois se estendeu a anônimos e famosos.
O alcance do post surpreendeu muita gente, como a economista Laura Carvalho, habitué das redes sociais.
O bolsonarismo ficou atordoado com a força da ação.
Segundo o perfil Tesoureiros do Jair, que acompanha o dia a dia da presidência de forma crítica e bem humorada, a raiva da militância bolsonarista se deve porque não conseguiu contra-argumentar aos questionamentos da oposição.
A eficiência em boa medida está atrelada ao ponto que o movimento mirou. Em vez de focar na atitude destemperada (mais uma) do presidente, o alvo foi o repasse do ex-PM Fabrício Queiroz na conta da primeira dama, uma vez que a mesma pergunta feita pelo repórter do jornal O Globo foi reproduzida incessantemente nas redes sociais.
“Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”
Os perfis de Bolsonaro em Twitter, Instagram, Facebook e YouTube também foram invadidos com a mesma questão em milhares de comentários. Até um meme de bom dia seguido da pergunta foi criado para mandar no grupo da família.
A política no Brasil conheceu, portanto, um novo capítulo neste final de semana. Um movimento novo e orgânico que demonstra como as redes sociais são o principal palco de combates narrativos da política.
O fenômeno da ascensão do bolsonarismo se deu por meio das plataformas digitais e nelas que irão ocorrer as principais movimentações, seja para alavancar o presidente ou para se contrapor a suas ações.