Nas redes, hashtag #VacinaÉAmorAoPróximo rebate campanha contra vacinação
Renan Marra
O ano é 2020, mas, por incrível que pareça, usuários estão discutindo no Twitter sobre tomar ou não vacina. O debate ganhou força na rede social após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que ninguém é obrigado a se vacinar.
A declaração aconteceu em um momento em que diversos países tentam encontrar uma forma de imunizar a população contra o coronavírus. Na noite de segunda-feira (31), do lado de fora do Palácio da Alvorada, Bolsonaro respondeu a uma apoiadora que lhe pediu para não deixar fazer a vacina. “Isso é perigoso”, afirmou a mulher, que se identificou como profissional da área da saúde.
O vídeo com a conversa foi compartilhado tanto por apoiadores do presidente —incluindo pessoas que se dizem antivacina— quanto por internautas que lamentaram e debocharam sobre o episódio.
Usuários do grupo bolsonarista subiram a hashtag #RevoltaDaVacina, em referência à rebelião ocorrida em 1904, no Rio de Janeiro, contra a vacina antivaríola –o próprio filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), publicou texto em que menciona o evento histórico de 1904.
Mas na queda de braço de compartilhamentos venceram os apoiadores da ciência. Levantamento do BuzzMonitor, ferramenta de monitoramento de redes, mostra que, nas últimas 24 horas no Twitter, houve 6.547 menções da #VacinaÉAmorAoPróximo contra 1.117 da #RevoltaDaVacina.
Além de defender a ciência, usuários que contra-atacaram com #VacinaÉAmorAoPróximo expressaram revolta, deboche e também lidaram com a situação com bom humor.
Vale lembrar que levantamento feito em abril pela União Pró-Vacina, projeto desenvolvido por instituições de pesquisa e acadêmicas da USP Ribeirão Preto, mostra que grupos conhecidos por espalhar informações falsas sobre vacinas mudaram o alvo e agora se concentram na doença causada pelo novo coronavírus, a Covid-19.
Os métodos continuam os mesmos, ou seja, distorcer conteúdo científico e jornalístico, espalhar teorias da conspiração e até oferecer falsas curas usando produtos tóxicos para a saúde humana.
Pesquisadores afirmam que os grupos se concentram na negação de evidências científicas sobre os benefícios da vacinação, mas durante os sete dias da análise houve crescimento das publicações que abordavam a Covid-19.