Mario Frias passou o final de semana bloqueando críticos nas redes

Mateus Camillo

Não sorria: você está sendo bloqueado.

O perfil do secretário especial da Cultura, Mario Frias, passou o final de semana bastante ativo nas redes sociais ao bloquear inúmeros seguidores que o criticavam após o episódio com o humorista Marcelo Adnet, da TV Globo.

O resumo da história: Adnet, no programa “Sinta-se em Casa”, imitou o secretário, que gravou um vídeo para a série “Um Povo Heroico“, peça de tom ufanista divulgada pelo governo federal para louvar grandes personagens brasileiros.

Frias não gostou nada da paródia. “Garoto frouxo e sem futuro. Agindo como se fosse um ser do bem, quando na verdade não passa de uma criatura imunda, cujo o adjetivo que devidamente o qualifica não é outro senão o de crápula. […] Onde eu cresci ele não durava um minuto. Bobão!”, escreveu no Instagram.

O perfil oficial da Secretaria de Comunicação tomou as dores do secretário e publicou, ao lado de uma foto de Adnet, mas sem mencionar seu nome, que não imaginava que a campanha lançada esta semana em celebração ao Dia da Independência “causaria reações maldosas, carregadas de desprezo por brasileiros simples, mas imensamente bondosos”.

A história repercutiu durante todo o final de semana e Frias passou a bloquear todo mundo que o criticasse.

Críticas: se elas não são vistas, não existem.

Bolsonaristas, que reclamam de mimimi, estão sendo acusados de mimizentos ao bloquear a rodo nas redes.

Parte dos bloqueados são jornalistas.

Não dá para ver.

Mais um.

Ministro só de alguns.

Sentiu?

Como está o perfil do Mario Frias a essa altura, depois de tantos blocks.

Brincando de resta um.

Hashtag #EuFuiBloqueado

Para acompanhar as paródias do Adnet é importante não bloquear o humorista.

Há quem se questione por que ainda não foi bloqueado.

Teve quem pediu para ser bloqueado.

Me nota!

Afinal, páginas oficiais do governo e de ministros e secretários de Estado podem bloquear cidadãos?

No Brasil não há uma regulamentação sobre isso. Juristas consideram que não, afinal, esses perfis usam as redes sociais de forma oficial, divulgando ações do governo, quase como um Diário Oficial.

A moda foi iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Lá, no entanto, a Justiça americana proibiu o mandatário de impedir cidadãos de acompanhar suas publicações por considerar que tal atitude violava a Constituição americana.

O princípio da impessoalidade na administração pública, na qual é vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades, pois estes não agem em nome próprio, e sim do Estado, deveria servir de norte para as discussões, mas não é nem um pouco seguido pelos idealizadores da estratégia digital do governo.

Mario Frias parece assumir o papel que era de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, famoso por bloquear seguidores nas redes sociais e incitar uma “guerra marxista-cultural”. Com sua saída, o ator de Malhação se torna o combatente número 1 na trincheira digital do governo.

Ah, por último: a Folha também está bloqueada. No entanto, não dá para saber se foi no final de semana ou se o jornal já estava proibido de ver seus posts há mais tempo.