#BolsonaroPetista é a hashtag que prova como o mundo político é maluco
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu o juiz federal Kássio Nunes, 48, para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) que será aberta com a aposentadoria de Celso de Mello, decano da corte.
Com isso, Bolsonaro prestigia a chamada ala garantista do tribunal e ainda agrada o ministro Gilmar Mendes, relator do processo que pode implicar sua família. O nome de Kássio é um aceno ao centrão, que dá as cartas em Brasília desde que o presidente precisou se alinhar aos partidos fisiológicos para conseguir apoio contra eventuais aberturas de processo de impeachment.
A indicação consolida uma mudança de paradigma de Bolsonaro, antes um apoiador da Lava Jato e agora um crítico dos métodos da operação depois que ele próprio se viu atingido por investigações. Kássio tem dito que terá uma atuação garantista no tribunal, ou seja, com uma visão de mais respaldo às alegações dos réus.
Bolsonaro está sob intenso fogo amigo. Na manhã desta sexta-feira (2), em conversa com um grupo de apoiadores, o presidente defendeu a indicação de Kássio. Segundo ele, as críticas recebidas pelo juiz federal por eleitores e aliados são uma “covardia”.
Silas Malafaia é um dos que atacam a escolha. “Meu presidente, com todo o respeito, como é que o senhor vai indicar um cara para o STF nomeado por Dilma, amigo da petralhada, com posições socialistas”, afirmou. “É uma decepção geral. O senhor está colocando um camarada que atende o centrão, o PT e a esquerda”, emendou.
Essa ala queria um nome “terrivelmente evangélico”, como Bolsonaro havia prometido diversas vezes desde que assumiu o mandato.
Como resposta, Bolsonaro tem afirmado em suas redes sociais: “Queria o Moro?”, na tentativa de angariar apoio a Kássio. É a tática que ele adota quando confrontado por apoiadores: imaginar um cenário fora de cogitação para tentar trabalhar com o medo das pessoas.
A pressão das redes costuma moldar o comportamento as atitudes de Bolsonaro. Ministros, secretários e outros cargos podem ser nomeados ou desnomeados com base unicamente em hashtags. É assim desde 2019, e essa é a estratégia dos bolsonaristas que não concordam com o nome de Kássio.
No Twitter, por exemplo, a hashtag #BolsonaroPetista, com mais de 11 mil tuítes até 13h30, é um dos assuntos mais comentados nesta tarde de sexta-feira.
E agora Bolsonaro virou “petista de sinal invertido”.
A ala lavajatista, apoiadora de Moro, também aproveita para criticar a escolha.
O Vem Pra Rua foi um dos movimentos fiéis a Bolsonaro nas eleições de 2018 e lidera o endosso à hashtag #BolsonaroPetista.
Já a oposição aproveita para imaginar como está Dilma Rousseff nesse momento (a petista foi quem nomeou Kássio para o TRF-1).
Plot twist!
Quem dormiu ontem e acordou hoje se assustou um pouco ao abrir as redes nesta sexta.
Eles já sabiam.
Petista nada!
Quem apoia Bolsonaro, na visão desse usuário.
Por fim, a solução: Brasil monárquico!
Para não dizer que Bolsonaro não tem uma hashtag para chamar de sua, #FechadocomBolsonaro tinha até 13h30 pouco mais de 8 mil tuítes de perfis que continuam apoiando Bolsonaro.