Pandemia fez 63% dos influenciadores mudar conteúdo de seus canais, mostra pesquisa

Um novo estudo que mapeia como a pandemia de coronavírus impactou os influenciadores em relação à produção de conteúdo acaba de ser divulgado. De 3 a 14 de agosto, 1.644 influenciadores cadastrados responderam a um questionário online com 21 perguntas feito pela Squid, empresa especializada em marketing de influência no Brasil, em parceria com a F.biz, agência de publicidade da WPP.

Dos entrevistados, 63,2% afirmaram que mudaram os temas abordados usualmente em seus canais digitais e passaram a abordar assuntos como saúde (14,9%), entretenimento (13,7%), alimentação (12,2%), produtividade (11%) e faça você mesmo (11%).

O medo do cancelamento também impactou o comportamento dos influenciadores. Cerca de 16% disseram que deixaram de publicar conteúdos com assuntos sensíveis para evitar uma reação negativa dos seguidores. Os principais temas considerados delicados são viagens (44%), eventos (35% ) e compras (14%).

A preocupação em transmitir conteúdo relevante e correto durante a crise sanitária fez com que 84% dos entrevistados respondessem que se consideram bem informados sobre a Covid-19 por meio de portais de notícias, televisão e jornais. Foram 81% os que disseram que publicaram algum tipo de conteúdo relacionado à Covid-19 –a grande pergunta que se faz é sobre o que falaram os outros 19% nesse tempo. Quase metade desses que ignoraram o tema (42%) alegam que consideram o conteúdo sensível.

Para Rafael Arty, diretor comercial da Squid, o começo da pandemia foi um momento de “vamos esperar para ver o que vai acontecer” para depois começar a criar conteúdo. Segundo ele, por mais que 16% [que tinham medo de cancelamento] pareça um número baixo, depois de um certo tempo de pandemia os influenciadores já sabiam por onde caminhar. “Se a pesquisa fosse feita antes esse número poderia ser maior, sem dúvidas”.

Os influenciadores sabem a importância que seus conteúdos e ações possuem. Ou melhor, quase todos. A blogueira fitness Gabriela Pugliesi, por exemplo, deu uma festa em plena quarentena e calcula-se que ela tenha tido um prejuízo de R$ 3 milhões. Pesou negativamente o fato de que o casamento de sua irmã em um resort de luxo em Itacaré (BA) foi um dos primeiros eventos a ter contaminados em massa pela Covid-19.

A linha de frente de cancelados serve como uma curva de aprendizado para que os outros influenciadores percebam a forma que é recomendável agir naquele contexto e então as atitudes –como a mudança de conteúdo produzido– começam a andar de forma mais linear, segundo Arty.

Quando um influenciador é cancelado, os influenciadores que têm contato com ele passam também a ser alvo de fúria e pedidos de explicações. Por isso, outro dado interessante da pesquisa mostra que 57% dos influenciadores deixaram de seguir alguém e o principal motivo para isso foi a “responsabilidade social”.

Para Arty, a comunidade de influenciadores se uniu bastante durante a pandemia e aumentou a colaboração entre eles, como as divisões de lives. A pesquisa mostra que 39% dos influencers passaram a fazer mais transmissões ao vivo.

Para Felipe Oliva, cofundador da Squid, a mudança de comportamento e alteração de área de conteúdo compartilhado é uma adaptação natural, mas foi acelerada pela quarentena “Influenciadores estão constantemente testando novidades para o público, trazendo conteúdos de acordo com o que a audiência se identifica. A impossibilidade de sair de casa acelerou o processo de mudança que costuma ser gradual para não impactar tanto o público. Esses dados mostram como a consciência do estado atual que estamos vivemos e como esses creators impactam na vida das pessoas como um fator decisório, não apenas de consumo, mas de exemplo a ser seguido”, diz Oliva.

“O consumidor passa a buscar propósitos e valores em todas as conexões que cria e a pandemia ela potencializou esse comportamento, algo que já estava acontecendo, mas a transformação foi mais drástica”, diz Amanda Gasperini, diretora de inteligência da F.biz.

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