‘Não é série, é vida real’, alerta campanha nas redes após mais uma ação do ‘novo cangaço brasileiro’

Infelizmente, virou rotina nos últimos anos.

Bandidos fortemente armados invadem municípios de médio porte pelo Brasil, fazem reféns e desfilam com carrões blindados enquanto disparam tiros pelas ruas.

Na noite de segunda-feira (30), a ação de pelo menos 30 criminosos, dez automóveis e armamento de calibre exclusivo das Forças Armadas teve como alvo o Banco do Brasil em Criciúma (SC), o maior do assalto do tipo na história do estado.

Na madrugada desta quarta-feira (2) a ação violenta e organizada aconteceu em Cametá, cidade de 140 mil habitantes localizada a 235 km de Belém, no Pará.

Homens fortemente armados cercaram o quartel da Polícia Militar, fizeram reféns, atacaram ao menos uma agência bancária da cidade com explosivos, atiraram para cima e provocaram pânico entre os moradores. Ao menos uma pessoa morreu, vítima dos criminosos.

Ações semelhantes ocorreram nos últimos meses em cidades do interior de São Paulo, como Araraquara, Botucatu e Ourinhos, e também no Nordeste.

Nas redes, Cametá virou um dos assuntos mais comentados nesta madrugada.

O  ‘novo cangaço brasileiro’, como essas ações têm sido chamadas, são apontadas como responsáveis por transformar as madrugadas do país em um cenário de Mad Max, a ficção-científica distópica em que gasolina e água são bens raros e andar na rua não é muito seguro.

Circulam, inclusive, memes associando os assaltos com a série La Casa de Papel,  na qual um grupo mascarado pratica dois assaltos épicos liderados por um homem conhecido como O Professor, um na Casa da Moeda Real da Espanha e outro no Banco Central da Espanha.

No entanto, usuários alertam que esse tipo de “humor” não é bem-vindo num momento em que centenas de milhares de moradores estão em pânico e que pessoas perderam a vida. Uma campanha foi lançada para alertar que “não é série, é vida real”.

O tema vale reflexão. Está no DNA do brasileiro lidar com humor mesmo em assuntos sérios. No meio da pandemia, quando as mortes já se acumulavam, os memes continuaram circulando em um volume alto. Esse tipo de mensagem lúdica faz parte da comunicação –em especial de adolescentes, que desde pequenos estão acostumados ao botão compartilhar e muitas vezes não conseguem fazer o julgamento correto do limite dessas brincadeiras.

Ao mesmo tempo, deve-se levar em conta que é difícil brincar, ganhar likes e fazer memes quando há tanto sofrimento envolvido. Torna-se fácil este tipo de atitude quando nenhum familiar ou amigo está envolvido, mas dificilmente quem cria memes nessa situação faria o mesmo se estivesse em luto por um conhecido. É o que o @Yoogukkmin chamou de falta de empatia.

Portanto, principalmente aos adolescentes que leem esse texto, reflitam um pouco antes de compartilhar. Uma das técnicas para não cometermos atos que depois nos arrependemos é não agir pelo impulso.