Consumo de notícia no Instagram dobrou em 2020 em meio à pandemia, mostra estudo
Estamos cansados de saber que a pandemia mudou nossas vidas. Mas alguns impactos não são percebidos de imediato, como no vasto universo das redes sociais.
Para ter uma noção de como esse momento histórico afetou as redes numa escala global, a Socialbakers, plataforma de gerenciamento de redes, realizou um estudo com base em dados dos 50 maiores perfis do Brasil e do mundo e chegou nos resultados abaixo. Confira.
TEMPOS DE BREAKING NEWS
Segundo a pesquisa, a pandemia de coronavírus acabou impulsionando o consumo de notícias nas redes. No Instagram, as interações (curtidas, comentários, compartilhamentos, dentre outros) a conteúdos noticiosos aumentaram 103% de julho a setembro de 2020 em relação ao mesmo período em 2019, enquanto no Facebook o aumento foi de quase 58%.
Como parâmetro, a Folha atingiu em abril 2 milhões de seguidores no Instagram, sendo que a previsão inicial era alcançar o número somente em julho.
As eleições americanas também trouxeram audiência no mundo todo e isso se reflete nas redes sociais.
O post mais curtido da história do Instagram da Folha é o que anuncia a vitória do democrata Joe Biden em 7 de novembro de 2020, com 111 mil likes. O segundo com mais likes é uma frase de Luiz Henrique Mandetta após deixar o ministério da Saúde, com 109 mil. Dos 10 mais curtidos do ano, 8 são sobre pandemia ou eleições americanas.
Em menor grau, as eleições brasileiras também tiveram engajamento. Porém, por ser uma disputa mais fragmentada do que uma eleição majoritária para presidente, o que causa um interesse mais difuso, esses índices não chegam ao mesmo patamar da pandemia ou do pleito americano.
“Nas mídias sociais os candidatos conseguem manter uma comunicação com os usuários não só em períodos de eleição, como acontece na televisão ou rádio, que ficam concentrados nesses momentos pré-eleições, por exemplo. Nas redes é possível ir construindo esse relacionamento ao longo do período e isso também reflete no maior consumo de notícias”, comenta Felipe Ferrari, consultor de pré-vendas na Socialbakers.
A alta nas redes sociais é um reflexo do crescimento geral do jornalismo nesse período de pandemia. A Folha, por exemplo, bateu seguidos recordes de audiência em seu site, e noticiários da TV aberta e fechada cresceram depois de um 2019 ruim.
Esse fenômeno tem um efeito prático muito importante. Uma pesquisa acadêmica inédita conduzida em São Paulo mostrou que o acesso ao jornalismo profissional de qualidade reduz consideravelmente a chance de um eleitor acreditar em fake news.
O trabalho foi feito por cientistas políticos das universidades da Carolina do Norte – Charlotte (EUA), federal de Minas Gerais (UFMG) e federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a Folha e a consultoria Quaest.
Foram testadas diferentes formas de contato das pessoas com veículos de comunicação. A constatação geral foi que leitores com acesso a veículos como a Folha tendem a acreditar menos em informações falsas.
FILANTROPIA EM ALTA
O levantamento também indica que nesse mesmo período cresceu o interesse por iniciativas sociais. Posts relacionados a ONGs e filantropia tiveram um aumento de quase 113% em suas interações no Facebook e de 31% no Instagram no terceiro semestre de 2020 em relação ao de 2019.
Segundo o Atados, uma iniciativa que promove e divulga oportunidades de voluntariado, durante a pandemia houve crescimento de 12% nas inscrições para trabalho voluntário em comparação ao mesmo período do ano anterior.
SÓ NO #TBT
Enquanto noticiário e filantropia ganharam muito engajamento nesse período, o setor de turismo passou por um movimento dúbio. Com o isolamento decretado, os impactos negativos que as empresas da área vêm sofrendo acabam refletidos nas redes sociais, mas de formas diferentes.
No Instagram, posts de viagem tiveram uma queda de 31% em seu engajamento em relação ao ano passado. Afinal, sem viagens, a rede teve que se alimentar de #TBTs.
Ainda assim, no Facebook o efeito foi contrário: alta de quase 61% nas interações com posts do tipo.
E-MUNDO
Outra área que sofreu impacto foi a dos games: com todo mundo confinado, os jogos acabaram sendo um escape não só para se entreter, mas também para socializar com amigos ou até mesmo desconhecidos.
Nesse período, as vendas cresceram, mas o resultado nas redes é conflitante: as ações em postagens relacionadas a jogos aumentaram 23,4% no Facebook, mas também houve uma queda de 29,4% no Instagram. Segundo a Socialbakers, a vantagem do Facebook pode ser atribuída à criação do Facebook Gaming, em abril de 2020, um app da empresa voltado especificamente para transmissão ao vivo de gameplays, que reforçou essas interações.
E você, como tem consumido conteúdo nas redes sociais desde o início da pandemia? Deixe nos comentários!