Mercado está com Bolsonaro, e faz tempo

Quem acompanhou os índices financeiros na segunda-feira (8) notou que o mercado tem lado (ou, ao menos, tem uma tolerância maior) numa eventual disputa entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva pelo Planalto em 2022.

Assim que a decisão do ministro Edson Fachin de anular as condenações de Lula e tornar o petista elegível saiu, pegando a Faria Lima de surpresa, a Bolsa embicou para baixo e fechou com uma queda de quase 4%.

Há um discurso entre operadores de que Bolsonaro pode radicalizar no populismo para enfrentar Lula, e por isso o mau humor imediato. Mas há um favorito, e a internet o enxerga bem.

Ao leitor acima digo que esta Folha em 2017 mostrou que o mercado já piscava para Bolsonaro, quando ele pintava como a surpresa nas pesquisas eleitorais. Em setembro de 2017, o jornal publicou sua primeira capa de edição impressa mostrando esta união.

A reportagem indicava que o capitão reformado estava entrando na lista de presidenciáveis do gosto de uma ainda reticente Faria Lima, apesar de seu histórico nacionalista e intervencionista. Entre os favoritos do mercado já estavam Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB), ambos derrotados no primeiro turno das eleições, e João Doria (PSDB), que acabou concorrendo com êxito ao governo de São Paulo e, agora, desponta para ser um dos postulantes em 2022.

E nem precisava da figura do Posto Ipiranga que tanto a Faria Lima se apegava no auge da eleição: Paulo Guedes só começaria a aparecer no noticiário como um possível membro da equipe de Bolsonaro no mês seguinte.

Só que, naquela época, ainda havia quem não acreditasse que o mercado faria tal opção.

Não só fez como a união continua firme, apesar das intempéries.