Comentários capacitistas mal são percebidos, diz ‘influenciador da inclusão’; conheça Ivan Baron

Quando criou uma campanha para conhecer Anitta, em 2016, o potiguar Ivan Baron não sabia do potencial que suas redes sociais teriam anos depois. A cantora faria uma apresentação em Natal (RN) e ele pediu na internet para conhecê-la –o que acabou dando certo.

A emissora que promoveu o encontro entre fã e artista colocou a matéria no ar, e Ivan ganhou ali um impulso. “Comecei a postar mais no meu Instagram, mas ainda tinha vergonha de mostrar meu braço ou minha voz, que não atendem aos padrões”, explica o estudante de pedagogia de 23 anos, que tem paralisia cerebral.

A timidez não perduraria. Hoje, as redes de Ivan somam cerca de 300 mil seguidores, e alguns de seus vídeos passam de 600 mil visualizações. “Comecei a sentir a falta de ver pessoas que falam sobre capacitismo. Via influenciadores falando de racismo, lgbtfobia, mas não via muitos tocarem na questão do preconceito contra pessoas com deficiência”, diz. “O capacitismo é muito naturalizado.”

Em seus vídeos, o estudante alterna conteúdos sobre educação inclusiva –o da importância do uso de máscaras com tecido transparente para quem faz leitura labial viralizou– com outros mais críticos, inspirados na também influenciadora Maria Bopp (de quem ele é fã e já recebeu elogios).

Pega carona em trends e assuntos populares para levar a educação inclusiva para perto das pessoas. Quando a participante Juliette chamou Gil de aleijado no Big Brother Brasil, ele não passou pano. Fez roteiro, gravou e editou, e viu seu engajamento crescer.

Ivan Baron ganhou também haters –mas conta que lida bem com eles. “Eu soube ressignificar. Se estou recebendo comentários negativos, é porque pessoas que pensam diferente de mim estão me vendo. Estou furando a bolha.”

A preocupação real do estudante é deixar claro todos os conteúdos que publica. Não só para explicar sobre termos e palavras preconceituosas, mas para comunicar a todos. Além de legenda para cegos, ele alerta quando um vídeo é irônico, por exemplo, visando não confundir seguidores que têm autismo.

Hoje, Ivan vibra com a ascensão de mais influenciadores com deficiência nas redes, e falando sobre tudo, não só de capacitismo. “Nenhuma pessoa com deficiência é obrigada a falar sobre isso, eu que me disponibilizei”, diz. “Não quero hierarquizar pautas, quero dar visibilidade. Estou aqui para ajudar a desconstruir.”