Afinal, o que é ‘cringe’ e por que está todo mundo falando disso?

Outono é sempre igual, mas as gerações estão em constante metamorfose ambulante. Nos últimos dias, um embate entre a Z (em geral, os nascidos a partir de 1995) e a Y (os famigerados millennials, com data de nascimento entre 1980 e 1994) trouxe à tona um termo que deixou as anteriores ainda mais confusas: “cringe”.

 

 

Se pegou a referência a Sandy & Junior, sinto informar, mas você é “cringe”. Se identificou a alusão a Raul Seixas, mais “cringe” ainda. E, se chegou a este texto com o objetivo único de descobrir o que é “cringe”, tome aqui seu atestado de “cringe”.

Mas não temais: esta millennial fluente em idiomas geracionais está aqui para vos ajudar a entender o atual conflito entre os jovens e os que acabaram de descobrir que não são mais tão jovens quanto imaginavam —e, com sorte, “descrinjar-vos-ei” até o final deste texto.

Na definição literal primeira, o verbo em inglês “to cringe” refere-se ao ato de se encolher frente a algo que cause temor ou sensação negativa —como a reação instintiva do corpo de algumas pessoas ao ouvir o motorzinho do dentista ou sentir uma agulha se aproximando, por exemplo.

No entanto, já faz um tempo que o termo é mais utilizado coloquialmente para caracterizar a vergonha (em geral, alheia, mas nada impede que seja própria) que sentimos ao lidar com pessoas e/ou situações extremamente constrangedoras, o que não deixa de fazer o corpo se encolher e, em casos extremos, até sentir um arrepio subir pela espinha —por isso a apropriação do verbo.

Mais recentemente, a palavra entrou no vocabulário da geração Z como sinônimo de velhas conhecidas como “cafona”, “brega”, “mico” e “uó”. E, questionados nas redes, os zoomers (que devem ter passado mal ao ler os caracteres anteriores) listaram os símbolos e atitudes mais “cringe” da geração anterior.

Respeitar as normas gramaticais? “Cringe”.

 

Enfileirar hashtags no Instagram enquanto ouve um clássico do ritmo rock? “Cringe”.

 

 

Usar emojis para ostentar o litrão apreciado no fds com o dinheiro que sobrou depois de pagar os boletos? “Cringe”.

 

 

Segurar essa barra que é gostar de Raça Negra apertadinha na calça skinny com a sapatilha no pé e o cachecol da Grifinória no pescoço? “Cringe”.

 

 

Exibir a francesinha para as amigas no café da manhã relembrando as melhores cenas de “Friends”? “Cringe” demais.

 

 

Aliás, o consumo de cafeína em qualquer horário parece ter “caído em desuso” entre os mais jovens. Se for com o cabelo partido de lado vendo um filme da Disney, então… ultra “cringe”.

 

 

Basicamente, tudo que era “descolado” na geração anterior.

 

 

Legal mesmo é se arrumar mirando na plateia da Banheira do Gugu.

 

 

Agora, cometer “britishboomersplaining” ao ousar tentar ensinar o jeito certo de usar “cringe”?

 

 

Aí já é pedir para ser cancelado.

 

 

Caso ainda esteja na dúvida sobre o que é “cringe” —e, mais importante, se é “cringe” demais—, segue abaixo o teste definitivo.