Após suspeita de propina em compra de vacina, a pergunta nas redes é qual o valor da vida do brasileiro
Nesta terça-feira (29), o país foi surpreendido pela declaração dada com exclusividade à Folha pelo representante de uma vendedora de vacinas. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da Davati Medical Supply, disse à repórter Constança Rezende que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. A empresa procurou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.
Dominguetti disse que a proposta foi feita por Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde por indicação do presidente, em 25 de fevereiro deste ano, no dia posterior ao país atingir a marca de 250 mil mortos por Covid-19. Dias foi exonerado logo após a publicação da reportagem.
A notícia foi publicada algumas horas depois do governo decidir suspender o contrato com a Precisa Medicamentos para obter 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, em meio à investigação de indícios de irregularidades pela CPI da Covid —que já convocou Dominguetti para depor na sexta (2).
Depois de fazer umas continhas, usuários das redes sociais concluíram que, caso a proposta fosse aceita pela Davati, o governo Bolsonaro teria embolsado US$ 400 milhões de dólares, o equivalente a cerca de R$ 2 bilhões —o que rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter.
Seria essa a prova de que o dólar, de fato, “vale mais que eu“?
Quem não deu o ar da graça nas redes na noite desta terça, no entanto, foi o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, responsável por dar seguimento ao superpedido de impeachment contra Bolsonaro.
Cuja ausência foi sentida por Deus.
E o mundo.