TSE usa TikTok para defender, com bom humor e didatismo, urna eletrônica de acusações de fraude
Inicialmente visto com desconfiança, o TikTok já não precisa mais provar para ninguém que é bem mais do que um mero aplicativo de “dancinhas” —embora elas ainda sirvam para fazer ritmos como a seresta maranhense viralizarem em todo o Brasil.
Muitas águas rolaram do boicote ao comício do então presidente dos EUA Donald Trump e o apoio ao movimento Black Lives Matter, no ano passado, até a recente decisão do Instagram de deixar de ser um app de compartilhamento de fotos para fazer jus à concorrência.
Depois do dilúvio, até o Tribunal Superior Eleitoral entrou na dança. Com mais de 30 mil seguidores, o TSE tem usado a ferramenta para combater, com bom humor e didatismo, as insistentes acusações de fraude feitas, sem provas, pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Obcecado, o @tsejus passa 80% do tempo defendendo a urna eletrônica. Nos outros 20%, fala sobre diversidade e acessibilidade. E até arrisca uns desafios.
Para combater a desinformação, a urna eletrônica virou até carta do jogo Super Trunfo. Caso você não seja “cringe” o bastante para ter manuseado um exemplar com suas próprias mãos, trata-se de uma espécie de Magic em que coisas de uma mesma categoria —de carros a países, passando por dinossauros e até cães de raça— duelam entre si com base em atributos impressos em papel.
Além de legal, confiável e sexy, a urna eletrônica também possui um superpoder exclusivo em relação a suas antecessoras: é a única que faz o “pilili”.
Aliás, para quem não sabe, o famigerado apito existe para garantir que deficientes visuais saibam que seus votos foram computados.
Impresso? Para o @tsejus, só o já existente boletim de urna, que indica a quantidade de votos que cada candidato recebeu nas eleições.
Para Clarissa Millford, fundadora da Academia de TikTokers, o perfil do TSE é um “excelente case de sucesso” do que ela considera uma tendência para os órgãos independentes. “A adesão a essa prática por outros órgãos teria como consequência um amadurecimento do cidadão, uma elevação no nível de informação e compreensão dos sistemas e processos da sociedade”, defende.
Ao que tudo indica, o TSE de fato, “tá on”.
E há algum motivo para ter alguma preocupação com o sistema? Os especialistas são unânimes: não.
No entanto, tentativas de ataque hacker na eleição de 2020 viraram arma política de desinformação para bolsonaristas. Para a advogada Marcela Cavallo, especialista em civil, a postura do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luis Roberto Barroso foi inadequada, ao precipitar-se em suas manifestações, mudando algumas vezes as versões sobre o que teria causado o atraso. “Em 26 anos nunca foi comprovada qualquer fraude”, diz Marcela.