Jogadores de vôlei se manifestam contra homofobia em resposta a Maurício Souza

Parece até mentira, mas a orientação sexual de um personagem de quadrinhos escancarou um racha entre os jogadores de vôlei no Brasil e gerou o afastamento de Maurício Souza do Minas Clube.

Recapitulemos: há duas semanas foi anunciado que o novo Superman, filho de Clark Kent, será bissexual em nova HQ da DC. O fato aparentemente inofensivo causou incômodo no jogador da seleção brasileira masculina de vôlei, Maurício Souza, que publicou nas redes sociais: “A é só um desenho, não é nada demais  Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”

O companheiro de seleção, Douglas Souza, também reagiu à notícia, mas celebrando. “Engraçado que eu não ‘virei heterossexual’ vendo os super-heróis homens beijando mulheres….. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil kkkkkkkk Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte. ❤️”, publicou no Instagram.

A repercussão da discussão nas redes foi grande. Bastante criticado, mas também com apoio de seus seguidores, Maurício chegou a dizer que “Hoje em dia, o certo é errado, e o errado é certo… Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias”.

Somente após duas semanas, o Minas Tênis Clube, clube de Maurício Souza, se posicionou em nota contra a homofobia, mas defendendo liberdade para que os atletas expressem suas opiniões em redes sociais.

“O clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com inclusão, diversidade e demais causas sociais. Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sociodesportiva”, afirmava a nota.

 O posicionamento do clube não caiu bem para os sócios, torcedores e patrocinadores. Fiat e Gerdau pediram por “medidas cabíveis” contra o jogador “no espaço mais curto de tempo possível”.
Na tarde desta terça-feira (26), o Minas Tênis Clube resolveu punir o atleta e afastá-lo do elenco. Segundo a agremiação, ele terá de pagar uma multa e se retratar antes de ser reintegrado –mas não terá seu contrato rescindido.
Outros jogadores de vôlei também se posicionaram contra a homofobia. Carol Gattaz, capitã da equipe feminina do Minas, que já teve relações públicas com mulheres, foi uma delas.
Douglas Souza agradeceu o posicionamento da Fiat: “obrigado por entender que homofobia não é liberdade de expressão ou opinião”.
Fabi Alvim e Sheilla Castro foram bicampeãs olímpicas com a seleção brasileira.
Maurício Souza é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e tem histórico de declarações e publicações homofóbicas. Após a repercussão, o Minas Tênis Clube, pressionado por seus patrocinadores, resolveu punir o atleta e afastá-lo do elenco. Segundo a agremiação, terá de pagar uma multa e se retratar antes de ser reintegrado –mas não terá seu contrato rescindido.