Caso Aranha: a comoção que vira ódio

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Não demorou muito para que internautas achassem –e começassem o linchamento moral contra– a torcedora gremista que foi flagrada xingando o goleiro Aranha, do Santos, de macaco.

Assim como ocorreu em outros casos famosos neste ano de racismo contra jogadores, a internet se mobilizou para defender Aranha. Desde o final do jogo, a hashtag #FechadoComOAranha lidera os trending topics (assuntos mais comentados) no Twitter no Brasil.

Foi o mesmo que aconteceu com o volante Tinga, do Cruzeiro, xingado de macaco por torcedores do Real Garcilaso, do Peru, que gerou a campanha #FechadoComOTinga. Ou com o brasileiro Daniel Alves, que comeu uma banana atirada por um torcedor, redundando na hashtag #SomosTodosMacacos.

Só que, como acontece quase sempre nestes casos, a comoção vira ódio.

Tudo começa com a ampla veiculação da imagem de uma das torcedoras que xingou Aranha.

Aranha

Não demorou muito para que fosse identificada (ou supostamente identificada). Em seguida, começou o linchamento moral contra ela. Suas contas no Twitter e no Instagram foram tomadas de críticas e xingamentos, inclusive de conotação sexual. O que, diga-se de passagem, é tão errado quanto chamar o goleiro de macaco. Já sua conta no Facebook foi desativada.

Lembra bastante o que aconteceu com a estudante de direito Mayara Petruso em 2010. Logo após a eleição de Dilma Rousseff para o Planalto, ela disse que “nordestino não é gente”, em alusão ao alto índice de votos que a presidente conseguiu na região. A reação contra ela foi tão grande que o caso ganhou repercussão nacional, fazendo com que perdesse seu emprego e fosse condenada a quase dois anos de prisão, pena que foi revertida em multa e prestação de serviços comunitários.

Assim como Mayara foi punida, o mesmo deve ocorrer com a torcedora gremista. Mas não podemos achar que são as únicas a pensar e agir como elas e devem servir de bodes expiatórios, tampouco que está liberado fazer contra ela o mesmo que ela fez com Aranha.

Certamente a torcedora não foi a única a chamar o goleiro de macaco, e a missão do Grêmio e da polícia é descobrir quem são os outros, ou parte deles.

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