Guerra de hashtags e de narrativas opõe as várias direitas no Twitter
Após 4 vitórias seguidas da esquerda com Lula e Dilma, uma ala radical da direita chegou ao poder com a vitória de Jair Bolsonaro (então no PSL, e hoje sem partido) em outubro de 2018.
Para evitar a todo custo a vitória de Fernando Haddad, candidato pelo PT, várias alas da direita se uniram em torno do nome de Bolsonaro: dos lavajatistas a entidades como MBL (Movimento Brasil Livre), um dos fiadores do impeachment de Dilma, e o novato partido Novo apoiaram explicitamente a candidatura do ex-capitão.
Se o cenário era de certa coesão àquela altura do campeonato, assim que o governo Bolsonaro começou de fato já houve algumas rupturas, como o próprio MBL, que mais e mais passou a criticar atitudes dos novos donos do poder.
Essa distensão foi aumentando escândalo após escândalo do governo Bolsonaro: esquemas de candidaturas laranjas, Vaza Jato, Queiroz e rachadinhas, inquérito de fake news, dentre outros.
Dois movimentos, no entanto, rachariam de vez a direita e motivariam tiroteio entre ex-aliados.
O racha no PSL em outubro motivado pela disputa de poder dentro do partido levou Bolsonaro a abandonar a legenda, acompanhado por alguns deputados. A então fiel escudeira Joice Hasselmann virou inimiga número 1 do clã, inclusive denunciando-os na CPMI das fake news.
E, mais recente, a saída beligerante de Moro do governo, que acusou o presidente de tentar interferir no comando da Polícia Federal, acirrou esse clima ainda mais.
Boa parte do núcleo lavajatistas escafedeu-se da órbita bolsonarista.
São várias direitas que brigam entre si hoje e a prova pode ser vista no Twitter nesta quinta-feira (30).
Duas hashtags antagônicas rivalizam na plataforma.
Por um lado, a #DireitaRaizÉBolsonaro buscava mostrar apoio total e irrestrito ao presidente.
A ideia era acumular muitos posts.
E o resultado estava dando certo.
A @PortoPamii fez alusão ao fato de que muitos posts da direita são associados ao uso de robôs, posts automatizados e contas humanas controladas remotamente.
Por “nova esquerdalha” entendam: a outra direita.
Apoiadores relembraram um vídeo antigo de Bolsonaro comparando-o com fala mais recente e apontam uma coesão de discurso do político.
A tropa de choque de Bolsonaro tuitou em peso, também, como os deputados Hélio Lopes (o Hélio Bolsonaro) e Daniel Silveira (o que quebrou a placa da Marielle).
O herói Moro perdeu para o mito Bolsonaro.
Do outro lado da narrativa, são muitos os personagens.
Lembra dos robôs, posts automatizados e contas humanas controladas remotamente?
Hashtags de apoio ao presidente ou de ataques àqueles vistos como ameaça pelos bolsonaristas estão na mira do Bot Sentinel, uma ferramenta criada em 2018 para monitoramento de publicações surgidas a partir de contas falsas.
E opositores fazem questão de encontrar posts estranhos no meio da hashtag.
A principal hashtag que circulou nesse grupo é a #DireitaQuerImpeachment, em boa parte capitaneada pelos MBLers.
Para essa direita, os bolsonaristas são lenientes com a corrupção.
E pra quem achou que o lavajatismo morreu, ledo engano.
As declarações estapafúrdias de Bolsonaro foram lembradas.
Houve quem, no entanto, torcesse pela briga.