#hashtag https://hashtag.blogfolha.uol.com.br Mídias sociais e a vida em rede Wed, 08 Dec 2021 17:15:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Meme mostra elos entre Alexandre de Moraes, Amin Khader e Michel Foucault: ‘Vigiar e punir’ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/meme-mostra-elos-entre-alexandre-de-moraes-amin-khader-e-michel-foucault-vigiar-e-punir/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/13/meme-mostra-elos-entre-alexandre-de-moraes-amin-khader-e-michel-foucault-vigiar-e-punir/#respond Mon, 13 Sep 2021 20:20:14 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/meme-vigiar-e-punir-1-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=14612 O que Alexandre de Moraes, Amin Khader e Michel Foucault têm em comum? A resposta mais óbvia é: a calvície. Mas para a internet, há outros elementos que unem o ministro do STF, o repórter de TV e o filósofo francês. Foi assim que viralizou o meme “vigiar e punir” versão Diagrama de Venn.

A imagem mistura conceitos de Foucault com palavras ligadas a Moraes e Khader para listar possíveis intersecções. Pela teoria dos usuários, as fofocas “venenosas” de Amin no Balanço Geral RJ (Record) são um tipo de vigilância -dos famosos, no caso. Enquanto isso, o trabalho de Alexandre no Supremo Tribunal Federal está ligado à punição.

O meme faz referência ao título da obra mais conhecida do pensador pós-modernista. “Vigiar e Punir”, publicado pela primeira vez em 1975, analisa como o Estado usa hospitais, prisões e escolas para exercer controle social –daí vem o panóptico do meme, ou poder por meio da vigilância total.

A postagem viral surfa na popularidade do ministro do STF. Alvo de ataques por parte de Jair Bolsonaro e seus seguidores sob acusações de excesso e perseguição, Moraes foi alçado à categoria de herói por opositores do presidente. Seu super-poder? Vigiar e punir!

A princípio, Amin fez um alerta aos seguidores.

Mas acabou virando entusiasta da comparação com o ministro do STF.

Tão entusiasta, que passou a usar a #VigiandoePunindo na descrição do seu perfil e em postagens no Twitter.

Vale lembrar que o Amin tem outro “sósia”, o participante Ayrton, do BBB 18.

A suposta semelhança entre Moraes e Khader tem “confundido” algumas pessoas.

Tem gente sugerindo até que eles são irmãos. 

Por R$ 196,17, você também pode “vigiar e punir” no look certo.

 

Para “vigiar” como o Amin, é essencial realçar os olhos.

Mas saiba: “vigiar e punir” é uma missão sem intervalo!

 

Leia mais sobre ameaça autoritária que paira no Brasil. 

 

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Bolsonaro recua sobre STF, base decreta ‘game over’ nas redes e opositores vibram com #BolsonaroAcabou https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/bolsonaro-recua-sobre-stf-base-decreta-game-over-nas-redes-e-opositores-vibram-com-bolsonaroacabou/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/bolsonaro-recua-sobre-stf-base-decreta-game-over-nas-redes-e-opositores-vibram-com-bolsonaroacabou/#respond Thu, 09 Sep 2021 22:43:35 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/16030281035f8c44879422f_1603028103_3x2_md-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=14602 Nas redes sociais, apoiadores contumazes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lamentam a nota oficial divulgada como tentativa de apaziguar a crise entre os Poderes insuflada pelo mandatário. O clima é de desnorteio.

O recuo de Bolsonaro não agradou um de seus principais aliados na base evangélica, o pastor Silas Malafaia. “Continuo aliado, mas não alienado! Bolsonaro pode colocar a nota que quiser, Alexandre de Moraes continua a ser um ditador da toga que rasgou a constituição e prendeu gente inocente”, tuitou o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que na terça (7) estava ao lado do presidente quando ele chamou o ministro do STF de canalha na avenida Paulista. “Minhas convicções são inegociáveis!”

Allan dos Santos, do site Terça Livre, defensor ferrenho de Bolsonaro também manifestou indignação: “Em nota oficial, Bolsonaro pediu desculpas pelas palavras no calor do momento. Na CNN, Temer afirma que escreveu a nota. GAME OVER”.

O influenciador Rodrigo Constantino, outro apoiador do presidente, fez uma série de tuites comentando a divulgação da nota. “Se era xadrez 4D, parece que Bolsonaro tomou um xeque-mate de uma rainha tridimensional. Depois da demonstração de força do povo, o presidente demonstra fraqueza. Situação bem complicada para os patriotas. Bolsonaro pode ter assinado sua derrota hoje…”

Fez coro às redes sociais e também pediu: #VoltaTemer

 

Apoiadores do presidente nas redes sociais também lamentaram.

E opositores aproveitam para lançar a hashtag #BolsonaroAcabou, uma das mais usadas no Twitter na tarde desta quinta-feira.

E memes tiram sarro da situação:

Não deu.

Rodrigo Constantino é um dos mais lembrados.

Outra maneira de ler a nota de Bolsonaro.

Não é a primeira vez nesta semana que Bolsonaro desagrada sua base aliada. Após pedir para que os caminhoneiros liberassem as vias e evitassem a crise de desabastecimento, tal como aconteceu em 2018, grupos bolsonaristas no Telegram mostraram desorganização, confusão e decepção.

As informações estão tão desencontradas que caminhoneiros acreditaram em uma realidade paralela em que o presidente declarou estado de sítio, o que não ocorreu.

Leia mais sobre ameaça autoritária que paira no Brasil. 

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Bolsonaristas têm tela azul nas redes, criticam presidente e batem cabeça em grupos do Telegram https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/bolsonaristas-tem-tela-azul-nas-redes-criticam-presidente-e-batem-cabeca-em-grupos-do-telegram/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/bolsonaristas-tem-tela-azul-nas-redes-criticam-presidente-e-batem-cabeca-em-grupos-do-telegram/#respond Thu, 09 Sep 2021 16:20:18 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/Captain--320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=14587 “Que semana, huh? / Capitão, ainda é quinta” talvez seja o meme adaptado que melhor define a mais nova crise que Jair Bolsonaro tem em mãos. Após enviar áudio a caminhoneiros pedindo desbloqueio das estradas, o presidente foi chamado de traidor por manifestantes que havia bloqueado rodovias em pelo menos 15 estados. Até 12h35, o número de Unidades Federativas com bloqueios caiu para cinco.

O apelo do presidente tem o objetivo de evitar piora da economia com eventual desabastecimento como o visto na greve dos caminhoneiros em 2018.

Ainda não é possível dizer qual será o resultado da tensão entre o presidente e os manifestantes, mas a tela azul que povoa a mente dos seguidores de Bolsonaro nesta quinta-feira (9) não está restrita aos caminhoneiros. Famoso blogueiro ultraconservador, Leandro Ruschel agora afirma que “o governo [Bolsonaro] não consegue nem se comunicar com a própria base, quanto menos articular ações”.

Os caminhoneiros não sabem o que realmente agradará ao Messias. Isso porque a base aliada do governo e os influenciadores bolsonaristas estão em silêncio sobre o apelo de Bolsonaro para o fim dos bloqueios.

Um dos principais personagens das manifestações de caminhoneiros, Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, e que está foragido desde o dia 3 de setembro, mantém um grupo de seguidores do presidente no Telegram. O grupo está completamente em polvorosa, dividido e confuso.

Os bolsonaristas no Telegram divergem sobre se devem desmobilizar as manifestações ou continuar, duvidam da veracidade do áudio do presidente, inclusive sugerindo que o humorista Marcelo Adnet o teria gravado, e até chamam Bolsonaro de traidor. Veja:

O WhatsApp está a todo vapor.

E Bolsonaro é acusado de estelionato eleitoral.

Zé Trovão, que lidera o levante, teve sua prisão requerida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após o caminhoneiro incitar atos violentos contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Desafiando a Justiça, Zé Trovão publicou nesta quarta (8) um vídeo nas redes sociais pedindo o fechamento total de vias no país nesta quinta (9). Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro gravou o áudio em que pedia que os caminhoneiros desbloqueassem vias em prol da economia.

Nas redes sociais, usuários já sugerem que Zé Trovão terá destino similar ao de Sara Winter, militante de ultradireita que ameaçou e marchou contra o STF, mas acabou sendo abandonada por bolsonaristas e, tendo sido vigiada e punida pelo ministro Alexandre de Moraes, Winter está em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, desde junho de 2020 por atentar contra a democracia.

Sem chão, Zé Trovão se irritou com o presidente Jair Bolsonaro e agora cobra que o chefe do Executivo refaça seu apelo em vídeo.

O humorista Adnet aproveitou que foi citado como possível autor do áudio —que já teve autoria assumida pelo presidente Jair Bolsonaro— e imitou o chefe do Executivo. Escute:

O termo “Zé Trovão” é um dos assuntos mais comentados no Twitter. Veja:

Shows do Sorriso Maroto são realmente emocionantes, este tuíte ajuda a compreender o tamanho da crise que circunda Jair Bolsonaro e seus seguidores:

“Pelo amor de Deus, presidente”

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Reação de Bolsonaro ao ler notícia durante live vira meme nas redes https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/reacao-de-bolsonaro-ao-ler-noticia-durante-live-vira-meme-nas-redes/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/reacao-de-bolsonaro-ao-ler-noticia-durante-live-vira-meme-nas-redes/#respond Fri, 16 Apr 2021 19:32:53 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/bolsonaro-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=13706 Não é de hoje que as lives semanais de Bolsonaro viram notícias e/ou memes.

A desta quinta-feira (15) entra no rol dos dois casos.

Com Lula de volta ao páreo após decisão do STF de anular as condenações do petista, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gastou parte de seu tempo para se contrapor ao adversário, reforçando discurso anticorrupção e afirmando que sua eventual volta trará retrocessos ao país.

Agora vem a parte dos memes.

Durante a transmissão, Bolsonaro também comentou a decisão da ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), que estabeleceu prazo de cinco dias para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), explique a não abertura dos mais de 100 processos de impeachment do chefe do Executivo.

O prazo estabelecido por Cármen Lúcia, uma medida de praxe, responde a um mandado de injunção apresentado pelo advogado Ronan Wielewski Botelho, que questiona por que os pedidos não foram analisados.​

Disse o presidente, com tom de ironia ao final da fala.

“Mais alguma coisa? Encerrando, quero ler mais uma vez uma notícia muito importante. Tá no Antagonista. Não gosto de replicar, de falar de coisas de Antagonista, Veja, Folha, porque tem muita fake news, mas pelo que nós levantamos até agora a notícia é verdadeira. A ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, deu um prazo de cinco dias para que o presidente da Câmara Arthur Lira explique a não abertura dos processos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Boa noite. Fique tranquilo que eu vou dormir tranquilíssimo esta noite e vamos ver o desenrolar desta notícia aqui do nosso Supremo Tribunal Federal”.

Assista ao momento:

A expressão de Bolsonaro, que levanta as sobrancelhas em expressão de espanto, viralizou nas redes sociais.

Cena de Avenida Brasília.

Altas emoções.

 

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Suspeição de Moro vira meme nas redes sociais https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/03/24/suspeicao-de-moro-pelo-stf-vira-meme-nas-redes-sociais/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2021/03/24/suspeicao-de-moro-pelo-stf-vira-meme-nas-redes-sociais/#respond Wed, 24 Mar 2021 03:05:31 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/15877434965ea30b0802e67_1587743496_3x2_md-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=13595 Após o STF (Supremo Tribunal Federal) concluir pela parcialidade do então juiz Sergio Moro na condução do processo da Lava Jato envolvendo o ex-presidente Lula (PT), não demorou muito para o assunto virar motivo de piada nas redes sociais.

Com a mudança de voto da ministra Cármen Lúcia, por 3 a 2, a Segunda Turma do Supremo julgou procedente o habeas corpus em que a defesa do petista pedia a declaração da suspeição de Moro e decidiu anular a ação do tríplex —ficam nulos todos os atos do ex-juiz.

Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram os outros dois ministros do colegiado a votar contra Moro, nesta terça-feira (23). Os votos derrotados foram os de Kassio Nunes Marques e Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

Veja os memes e postagens que circularam na internet.

Imagem em preto e branco mostra fotografia de Sergio Moro cabisbaixo e escrito em caixa alta: culpado!
Suspeição de Moro vira meme nas redes

Até a novela “Amor de Mãe” e o paredão do Big Brother Brasil entraram nas piadas.

Imparcial…

Inelegível?

Usuários também fizeram memes com uma suposta nova temporada da série “O Mecanismo”. Baseada em fatos reais, a produção da Netflix retrata a investigação de um escândalo de corrupção no Brasil.

A mudança de voto da ministra Cármen Lúcia também não passou batida.

Cármen Lúcia é lembrada nos memes
Imagem da personagem Carminha, da novela Avenida Brasil, também foi usado nos memes

 

Brincadeiras a parte. Uma internauta tuitou que estava até feliz com a suspeição do Moro, mas quando saiu o número de mortos das últimas 24 horas ficou arrasada de novo.

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Em um 2020 com pandemia e crise política, memes foram respiro tragicômico https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/12/25/em-um-2020-com-pandemia-e-crise-politica-memes-foram-respiro-tragicomico/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/12/25/em-um-2020-com-pandemia-e-crise-politica-memes-foram-respiro-tragicomico/#respond Sat, 26 Dec 2020 02:15:41 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/ema-meme-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=13112 A mesma reclamação domina as redes todo final de ano. “Acaba logo, 20XX”. Se soubéssemos que haveria um ano como 2020, nunca teríamos protestado antes. Uma pandemia devastadora já deixou mais de 1,5 milhão de mortos no mundo —180 mil só no Brasil–, e trouxe uma crise sanitária e humanitária sem precedentes neste século 21.

Para piorar, líderes mundiais fizeram uma péssima gestão da doença –o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende até hoje um remédio sem comprovação científica, a cloroquina, enquanto o presidente dos EUA Donald Trump chegou a sugerir a injeção de desinfetante, também contrariando indicação da medicina.

Em meio a tudo isso, o Brasil viveu uma de suas piores crises políticas republicanas, com dois ministros da Saúde demitidos no meio da pandemia e a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, que acusou o presidente de interferência na autonomia da Polícia Federal, tumultuando ainda mais o ambiente.

Depois, ainda viria à tona o vídeo da fatídica reunião ministerial de 22 de abril, agravando o caos em Brasília.

Todos esses episódios –e muitos outros– foram contados pelo #Hashtag ao longo do ano em forma de meme, linguagem da internet que permite narrar histórias de forma descontraída e ao mesmo tempo crítica.

Aproveite, portanto, esta retrospectiva de memes de 2020 para um respiro tragicômico.

MEME DO PAPA
Fica o alerta: ano que começa com tapa do Papa em fiel não termina bem. O gesto ocorreu no último dia de 2019, mas só viralizou mesmo no primeiro dia do ano. Sabe o que também houve em 31 de dezembro de 2019? Data em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) foi notificada sobre um “surto de pneumonia” (na verdade, a Covid-19) em Wuhan, na província de Hubei, na China. Pois é.

DESAFIO DAS QUATRO REDES
Viralizou no início do ano o “desafio das quatro redes”, em que usuários publicavam uma montagem com quatro fotos diferentes de perfil para cada uma das rede sociais a seguir: LinkedIn, Facebook, Instagram e Tinder. No Brasil, Bolsonaro, o ministro da Economia Paulo Guedes e o então ministro da Educação Abraham Weintraub ganharam suas versões.

ANO ALEATÓRIO
Rei dos rolês aleatórios, Ronaldinho Gaúcho conseguiu surpreender todo mundo neste ano e virar notícia ao ser preso por entrar com passaporte falso no Paraguai, país vizinho em que brasileiro não precisa do documento. A única explicação talvez seja essa da Laurinha Lero: o crime platônico, puro. 

Meme mostra a carteira de motorista que Ronaldinho Gaúcho usava no momento da detenção.

Depois veio a pandemia, isolamento social, mortes, lockdown, cloroquina, enfim, eram tantas preocupações que ninguém mais tinha tempo para o Ronaldinho (ele só sairia da prisão em agosto, após 171 dias).

MEMES MESMO NA PANDEMIA
Desde que existe internet, a humanidade nunca havia enfrentado uma pandemia tão grave como a de coronavírus. Por ser algo sobre o qual não tínhamos vivência prévia, e pela natureza das redes sociais em que memes proliferam como forma de escape tragicômico, o início do avanço da doença foi acompanhado de piadas nas redes, como as fantasias de Carnaval.

No entanto, à medida que a Covid-19 se tornava uma realidade no Brasil, com o primeiro caso confirmado no final de fevereiro, as piadas diminuíam e davam lugar a posts mais sérios.

Mas elas nunca deixaram de circular. E mesmo que o mundo viva uma hecatombe nuclear, é provável que ainda existam memes sobre a extinção da espécie humana –pelo menos enquanto houver sinal de internet.

TEIMOSIA
Não é fácil manter a população longe das ruas por tanto tempo, como é necessário nesta pandemia de coronavírus. Crianças, jovens, adultos e idosos, ninguém gosta de ficar trancafiado em casa. Os mais velhos são mais vulneráveis à Covid-19. Por isso, quando a doença começou a se espalhar pelo Brasil, memes que mostram a dificuldade de conter essa faixa etária viralizaram.

DARWIN E OS DINOSSAUROS
O coronavírus despertou o melhor e o pior do ser humano, com mostras de solidariedade e egoísmo pelo mundo. O fenômeno se repetiu nas redes sociais. Ao mesmo tempo em que fake news põem em risco a saúde das pessoas, memes que esbanjam humor, criatividade e um toque de inteligência circulam na internet e ajudam a passar por essa pandemia de forma um pouco mais leve.

Confira mais memes aqui.

CAMARADA MORO
Eleito em 2018 com a bandeira do combate à corrupção, Bolsonaro convidou para ser seu ministro da Justiça o então juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato e por prender Lula e políticos e empresários de peso. A aliança entre os dois era um dos pilares de sustentação do governo. Incomodado com a interferência do presidente na escolha do diretor-geral da Polícia Federal, Moro pediu demissão na quinta, 23 de abril, conforme adiantou a Folha. No dia seguinte, em discurso transmitido em cadeia nacional, o ex-ministro fez sérias acusações contra o ex-chefe.

Moro “virou comunista” instantaneamente: tanto nos ataques de bolsonaristas, quanto para os opositores que “adivinharam” o novo esquerdista do pedaço, como acontece com qualquer ex-integrante do governo.

SE BOLSONARO CAIR ASSUME O AÉCIO?
A crise política atingiu seu ápice com a saída de Moro do governo.  No calor do momento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a pedir a renúncia de Bolsonaro. A queda não ocorreu, mas nos memes o vice Hamilton Mourão (PRTB) já está pronto para assumir a Presidência desde então.

E DAÍ?
No final de abril, o Brasil começava sua curva ascendente de casos e de óbitos pelo coronavírus. Bolsonaro foi questionado quando o país ultrapassou a China em número de mortes, com mais de 5 mil. Sua resposta estará nos livros de história. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre​”. Nas redes, o ‘E daí?’ ecoou com um misto de indignação e perplexidade e o ex-capitão incorporou a Dona Morte.

MEME DO CAIXÃO
O meme do caixão pode ser considerado o meme do ano. Os curtos vídeos mostram cenas que lembram videocassetadas, como um esquiador prestes a se esborrachar, um skatista que leva um tombo ou um homem que despenca de uma barra de ginástica que se quebra. Surge então a imagem dos “dancing pallbearers” (carregadores de caixão dançarinos), com uma música eletrônica de fundo. Os dançarinos trabalham para a funerária do ganês Benjamin Aidoo, 31. Adaptado para a pandemia, a imagem mostra o que pode acontecer com quem não respeitar as medidas de combate ao coronavírus, como distanciamento social e uso de máscaras.

E o meme ganhou versões locais.

PANDEMIC
A clássica versão de “Titanic”, de 1997, do diretor James Cameron, ganhou uma adaptação nas redes sociais que fez sucesso: “Pandemic: A História de um País que Naufragou”. Na obra, diversos personagens do longa são associados a políticos ou grupos de pessoas do Brasil em meio à pandemia. O áudio original foi mantido, mas as legendas dialogam com os acontecimentos do país.

QUEM AVISA EX-MINISTRO É
Após a saída de Mandetta do Ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich assumiu o cargo em 17 de abril. Apesar de adotar um discurso conciliatório no início, ao dizer que a reabertura tinha que ser planejada, o ministro passou a defender de forma mais enfática o isolamento para conter o avanço da doença. O lobby de Bolsonaro pela cloroquina e um anúncio sobre atividades essenciais que Teich soube pela imprensa foram a gota d’água para o pedido de demissão do médico em menos de um mês de Brasília. No Brasil, tudo termina em meme.

ANTIFASCISTAS
A ascensão de movimentos fascistas e neonazistas no Brasil nos últimos anos preocupa. Com tochas, máscaras e rojões, o grupo armado e de extrema direita “Os 300 do Brasil”, liderado pela radical Sara Winter, realizou no final de maio um protesto cinematográfico em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) em plena madrugada.

Após esse ato, um movimento antifascista ganhou corpo nas redes sociais, com usuários trocando a foto de perfil por um filtro com o nome da profissão + antifascista (com direito, também, a muitos memes).

BRASIL 1 X _ ALEMANHA
Em junho, o Brasil viveu um apagão de dados sobre o coronavírus, em um momento em que o número de casos e mortes cresciam paulatinamente. O general Eduardo Pazuello havia acabado de assumir o Ministério da Saúde e adotou essa como uma de suas primeiras medidas –que, felizmente, logo foram derrubadas, pelo bem da transparência em meio a pior pandemia do século.

Não dá para alterar a realidade. Se desse, um meme mostrou como teria sido o 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil na Copa de 2014.

SÓ DÁ ATIBAIA
Por ironia do destino, o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do presidente Jair Bolsonaro, foi preso em junho em Atibaia, escondido em propriedade de Frederick Wassef, então advogado da família Bolsonaro. A cidade do interior paulista ficou conhecida em todo o país em 2016, quando reportagem da Folha revelou reforma financiada pela empreiteira Odebrecht em sítio frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A coincidência virou meme.

UM ABRACINHO NÃO DÓI
Em um ano tão agitado, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub conseguiu a proeza de liderar o ranking de “meme vergonha alheia” de 2020. Demitido por Bolsonaro após uma série de ataques às instituições, ele anunciou sua saída da pasta em um vídeo publicado em seu perfil no Twitter em que pede um “abracinho” ao presidente.

Weintraub corria risco de ser preso. Entre seus arroubos autoritários, destacaram-se o vídeo em que dizia “eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF” e sua suposta participação em esquema de fake news investigado pelo Supremo.  Ele saiu vazado do Brasil para os EUA e conseguiu uma boquinha como diretor-executivo do Banco Mundial.

ENCÃOTRADO NÃO É ROUBADO
Um cachorro encontrado na rua pela primeira-dama Michelle Bolsonaro virou notícia e meme. Da raça pastor maremano, o cão, chamado de Augusto Bolsonaro, permaneceu durante 12 dias no Palácio da Alvorada, período em que brincou no gramado da residência presidencial, vestiu colete preto com a bandeira do Brasil e ganhou até uma página no Instagram. Enfim, tornou-se o 06.

Mas um detalhe passou despercebido por toda a família. Augusto, na verdade, era Zeus, e tinha um tutor, Nagib Zeidan, 25. O fato pitoresco acabou em hashtag: #BolsonaroLadrãoDeCachorro.

CIDADÃO, NÃO!
Um casal que não usava máscaras durante abordagem de agente público em blitz da vigilância sanitária no Rio mostrou até que ponto pode ir a arrogância brasileira. A mulher se irritou quando seu companheiro foi chamado de cidadão. “Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você!”, disse.

“Cidadão, não, engenheiro civil, formado, melhor do que você”. Foto: Reprodução

A frase virou bordão adaptado para diversas situações. Tem gente que se contentaria em ser chamado de cidadão.

NAJA RAINHA DOS MEMES
Pareceu roteiro de filme. Em julho, o estudante de veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22, foi picado por uma naja na região do Gama, no Distrito Federal, e ficou em estado grave. A espécie de cobra não existe na fauna brasileira –é natural da África e Ásia– e o jovem não tinha autorização para criá-la. Ele, mãe, padrasto e amigo se tornaram réus sob suspeita de associação criminosa, venda e criação de animais sem licença e maus-tratos. Ao menos nos memes, a naja se vingou dos dias em cativeiro brasileiro.

SAUDAR A CLOROQUINA
Com uma fé inabalável em um remédio sem comprovação científica, Bolsonaro pregou contra todas as medidas de prevenção, como distanciamento social e uso de máscaras –isso sem falar na vacinação, a qual já afirmou que não será obrigatória. A lista de barbaridades é grande, no entanto, houve duas mais emblemáticas que envolveram a tal da cloroquina.

Na primeira, Bolsonaro, quarentenado após ser confirmado que contraiu coronavírus, passava a tarde nos jardins do Palácio do Alvorada levando bicadas de emas. Não se sabe se como escudo contra os animais, mas o presidente mostrou uma caixinha do remédio para os bichos, que deram as costas e reclamaram. “Sai daí bicho. Todo dia isso”.

Como a ema se sentiu:

Dias antes, Bolsonaro já tinha, tal qual a cena de “O Rei Leão” em que o personagem Rafiki ergue Simba e o apresenta aos seus súditos, saudado a caixinha de cloroquina a seus seguidores. Nas redes, o pessoal ficou com saudade de quando o governante brasileiro só saudava a mandioca.

R$ 200
No final de julho, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou a nova cédula de R$ 200, com o desenho de lobo-guará, espécie que pode ser encontrada em savanas e áreas abertas no centro do Brasil.

Não é todo dia que se cria uma nota no país –a última havia sido a de R$ 20, em 2002. Por isso, as pessoas capricharam nos memes mesmo antes da divulgação da imagem do papel.

Tão logo as primeiras cenas da nova nota de R$ 200 foram divulgadas, no início de setembro, mais piadas surgiram. O lobo-guará retratado na nota não agradou muito, não.

Ainda em setembro, o preço dos alimentos –principalmente do arroz– disparou em todo o Brasil, por uma série de fatores: pouca produção, aumento de consumo por causa da pandemia, desvalorização do real.

Enganam-se aqueles que acharam que a nota de R$ 200 teve como objetivo facilitar a rachadinha. Na verdade, seu uso foi pensado para ajudar as idas ao mercado.

#RESPONDEBOLSONARO
“Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”. Em um final de domingo de agosto essa pergunta viralizou nas redes após Bolsonaro afirmar que tem vontade de agredir um repórter do jornal O Globo depois de ser questionado sobre os depósitos feitos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

BARRACOS NA ELITE
Dois barracos em áreas nobres do Rio de Janeiro e de São Paulo no mesmo fim de semana de setembro provocaram críticas a comportamentos da elite brasileira.

No Rio, a confusão aconteceu na rua Dias Ferreira, no bairro do Leblon (zona sul). Vídeo que circula nas redes mostra duas mulheres de biquíni dançando em um carro conversível. Quando o veículo para em frente a um restaurante, uma das mulheres beija o motorista. Incomodada, uma cliente do estabelecimento arremessa um copo. A moça de biquíni desce do veículo, vai até a mesa e dá socos na mulher que atirou o objeto.

Em São Paulo, o vexame aconteceu no restaurante Gero, no Jardim Paulista, um dos bairros mais nobres da capital. O motivo teria sido a indignação de um cliente que exigiu ser atendido após o fim do expediente do estabelecimento.

Imagens que viralizaram nas redes mostram o médico Carlos Iglesias, membro da família que é dona do Grupo Rubaiyat (com restaurantes no Brasil, Espanha, Argentina e Chile), já do lado de fora do estabelecimento, conversando com outro homem, que diz: “Você está falando com alguém que tem berço!”. Iglesias, mais exaltado, responde: “e eu não tenho?”. “Aqui teve educação americana, educação europeia”, diz em outro momento do vídeo.

BOLSONARO PETISTA
Na retrospectiva de memes de 2019, mostramos como o vice-presidente Hamilton Mourão “virou esquerdista” nas redes ao opinar em diversos assuntos nos 100 primeiros dias de governo, quase sempre com um tom oposto ao de Bolsonaro.

Como a Terra plana não gira, capota, como dizem, em 2020 foi a vez de o próprio Bolsonaro se esquerdizar –nos memes, claro. Ao escolher Kássio Nunes para a vaga de Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal), um ministro da ala garantista, e não um “terrivelmente evangélico”, como gostariam aliados, o presidente foi alvo da ira das redes. Até a hashtag #BolsonaroPetista foi criada.

DINHEIRO NAS NÁDEGAS
Nos últimos anos, a polarização levou a política a ser algo tóxico e qualquer conversa sobre o assunto no almoço de domingo em família descamba para xingamentos e ódio. Graças a um senador de Roraima, no entanto, a política voltou a ser um assunto lúdico. A Polícia Federal apreendeu dinheiro entre as nádegas do vice-líder do governo Bolsonaro, Chico Rodrigues, e os memes abundaram nas redes sociais.

ELEIÇÕES NOS EUA
A disputa nos Estados Unidos movimentou as redes sociais brasileiras. O post da Folha no Instagram com o anúncio da vitória de Joe Biden tornou-se o mais curtido da história do jornal naquela plataforma, com 111 mil likes.

Tamanho interesse tem a ver não apenas com a importância geopolítica da escolha de um novo mandatário americano, mas também com o envolvimento de Bolsonaro e seus filhos, torcedores fanáticos de Donald Trump.

O republicano alega, sem provas, fraudes no sistema eleitoral, tese rechaçada por todas autoridades americanas até o momento. A relutância de Trump em aceitar a derrota –até hoje não fez isso de forma convicta– criou um terreno ainda mais fértil para o florescimento de memes, a começar pelo já icônico “STOP THE COUNT!” (em um de seus tuítes, o republicano berrou: PAREM A CONTAGEM!).

Apesar de a confirmação da derrota ter saído apenas no sábado 7 de novembro, na sexta anterior a situação já era muito difícil para Trump, que perdia delegados importantes em estados-chave como a Pensilvânia. Por isso, o sextou na Casa Branca não deve ter sido nada fácil

Mais de um mês após a vitória do democrata Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos, Bolsonaro também não reconheceu a conquista do rival de seu amigo Donald Trump. Pior, dias após o resultado, afirmou que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona” para fazer frente a candidato a chefe de Estado que quer impor sanção por causa da Amazônia, em clara referência ao recém-eleito.

Nas redes, a fala foi o estopim para o surgimento de memes sobre uma possível guerra Brasil x EUA.

Bolsonaro não escapou dos memes que tiram sarro de Trump e aparece em lágrimas ao saber do resultado do pleito americano.

Nos memes, usuários das redes fizeram Bolsonaro cair nas lágrimas. Foto: Reprodução

Não custa lembrar que no início do ano Bolsonaro fez live de live do Trump –e virou meme.

CAMPANHA
No último debate antes do primeiro turno em São Paulo, a candidata à Prefeitura Joice Hasselmann (PSL) resolveu mostrar seus dotes artísticos e fez uma cantoria para o prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava a reeleição. O vídeo viralizou não somente pela musiquinha, mas pela reação estupefata do tucano.

ELEIÇÕES NO BRASIL
Uma semana depois das eleições nos EUA, foi a vez do Brasil inteiro votar no 1º turno das disputas municipais. Se o brasileiro estava tirando sarro da demora americana, desta vez uma série de falhas nas urnas e sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que também sofreu tentativas de ataques hackers, atrasou os resultados.

E o que era motivo de orgulho…

transformou-se mais uma vez em frustração.

O aplicativo e-Título substituiu o título de eleitor e ganhou também a funcionalidade de justificar ausências. No entanto, ele passou o domingo inteiro de votação com instabilidade e o que era para facilitar a vida decepcionou logo no primeiro turno das eleições. Pelo menos a galera não perdeu o bom humor

Para encerrar o ano, Bolsonaro realizou no início de dezembro uma solenidade no Palácio do Planalto para expor o traje que ele e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, usaram na posse presidencial em 2019.

Em um momento em que os casos de Covid-19 voltam a crescer em ritmo acelerado em todo o país, a ação de Bolsonaro recebeu muitas críticas nas redes sociais. As roupas expostas viraram memes e ganharam outras feições.

É isso. Qual foi seu meme preferido de 2020? Que 2021 seja um ano de notícias melhores (e de muitos memes, óbvio).

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#BolsonaroPetista é a hashtag que prova como o mundo político é maluco https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/10/02/bolsonaropetista-e-a-hashtag-que-prova-como-o-mundo-politico-e-maluco/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/10/02/bolsonaropetista-e-a-hashtag-que-prova-como-o-mundo-politico-e-maluco/#respond Fri, 02 Oct 2020 17:00:17 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/meme-bolsonaro-lula1-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=12696 O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu o juiz federal Kássio Nunes, 48, para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) que será aberta com a aposentadoria de Celso de Mello, decano da corte.

Com isso, Bolsonaro prestigia a chamada ala garantista do tribunal e ainda agrada o ministro Gilmar Mendes, relator do processo que pode implicar sua família. O nome de Kássio é um aceno ao centrão, que dá as cartas em Brasília desde que o presidente precisou se alinhar aos partidos fisiológicos para conseguir apoio contra eventuais aberturas de processo de impeachment.

A indicação consolida uma mudança de paradigma de Bolsonaro, antes um apoiador da Lava Jato e agora um crítico dos métodos da operação depois que ele próprio se viu atingido por investigações. Kássio tem dito que terá uma atuação garantista no tribunal, ou seja, com uma visão de mais respaldo às alegações dos réus.

Bolsonaro está sob intenso fogo amigo. Na manhã desta sexta-feira (2), em conversa com um grupo de apoiadores, o presidente defendeu a indicação de Kássio. Segundo ele, as críticas recebidas pelo juiz federal por eleitores e aliados são uma “covardia”.

Silas Malafaia é um dos que atacam a escolha. “Meu presidente, com todo o respeito, como é que o senhor vai indicar um cara para o STF nomeado por Dilma, amigo da petralhada, com posições socialistas”, afirmou. “É uma decepção geral. O senhor está colocando um camarada que atende o centrão, o PT e a esquerda”, emendou.​

Essa ala queria um nome “terrivelmente evangélico”, como Bolsonaro havia prometido diversas vezes desde que assumiu o mandato.

Como resposta, Bolsonaro tem afirmado em suas redes sociais: “Queria o Moro?”, na tentativa de angariar apoio a Kássio. É a tática que ele adota quando confrontado por apoiadores: imaginar um cenário fora de cogitação para tentar trabalhar com o medo das pessoas.

A pressão das redes costuma moldar o comportamento as atitudes de Bolsonaro. Ministros, secretários e outros cargos podem ser nomeados ou desnomeados com base unicamente em hashtags. É assim desde 2019, e essa é a estratégia dos bolsonaristas que não concordam com o nome de Kássio.

No Twitter, por exemplo, a hashtag #BolsonaroPetista, com mais de 11 mil tuítes até 13h30, é um dos assuntos mais comentados nesta tarde de sexta-feira.

E agora Bolsonaro virou “petista de sinal invertido”.

A ala lavajatista, apoiadora de Moro, também aproveita para criticar a escolha.

O Vem Pra Rua foi um dos movimentos fiéis a Bolsonaro nas eleições de 2018 e lidera o endosso à hashtag #BolsonaroPetista.

Já a oposição aproveita para imaginar como está Dilma Rousseff nesse momento (a petista foi quem nomeou Kássio para o TRF-1).

Plot twist!

Quem dormiu ontem e acordou hoje se assustou um pouco ao abrir as redes nesta sexta.

Eles já sabiam.

Petista nada!

Quem apoia Bolsonaro, na visão desse usuário.

Por fim, a solução: Brasil monárquico!

Para não dizer que Bolsonaro não tem uma hashtag para chamar de sua, #FechadocomBolsonaro tinha até 13h30 pouco mais de 8 mil tuítes de perfis que continuam apoiando Bolsonaro.

O juiz federal Kássio Nunes Marques, escolhido por Bolsonaro para ocupar a cadeira de Celso de Mello no STF – Samuel Figueira/TRF 1ª Região
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Expectativa por depoimento de Moro eleva tensão na rede bolsonarista, que vê golpe em curso https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/05/02/expectativa-por-depoimento-de-moro-eleva-tensao-na-rede-bolsonarista-que-ve-golpe-em-curso/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2020/05/02/expectativa-por-depoimento-de-moro-eleva-tensao-na-rede-bolsonarista-que-ve-golpe-em-curso/#respond Sat, 02 May 2020 04:13:54 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/golpe-de-estado.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=11496 A informação divulgada na noite desta sexta-feira (1º) de que o ex-ministro Sergio Moro prestará depoimento à Polícia Federal neste sábado (2), em Curitiba, para falar sobre as acusações feitas contra o presidente Jair Bolsonaro ao sair do governo elevou a tensão nas redes sociais bolsonaristas.

Domina por lá a narrativa de que há um golpe de Estado em curso arregimentado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que nos últimos dias impôs uma série de derrotas a Bolsonaro, como a suspensão da posse de Alexandre Ramagem como novo diretor-geral da Polícia Federal e a derrubada das restrições à Lei de Acesso à Informação.

A movimentação é grande nas últimas horas e deve crescer exponencialmente a partir da manhã deste sábado. Há um verdadeiro chamado para um grande ato em Brasília para impedir a realização desse golpe de Estado que estaria em curso, segundo a visão bolsonarista.

A expectativa para o depoimento é grande, uma vez que Moro promete levar provas contundentes contra Bolsonaro, que, segundo o ex-ministro, agiu para interferir na Polícia Federal, órgão que investiga envolvimento dos filhos Carlos e Eduardo como articuladores em esquema de propagação em massa de fake news.

As hashtags #GolpedeEstado e #GolpedoSTF figuram entre os assuntos do momento no início da madrugada deste sábado, com mais de 250 mil tuítes somando as duas.

Não é a primeira vez que a órbita em torno do presidente proclama, nas redes sociais, uma ameaça de golpe. Mas, sem dúvida, é uma das mais incisivas. A crise política no governo é, de fato, a maior desde janeiro de 2019, o que faz com que tudo ganhe maior ressonância.

Um dos primeiros a apontarem a suposta ameaça de golpe foi o influenciador bolsonarista Leandro Ruschel.

A promessa é de reação.

E há uma clara tentativa de fazer com que a ação saia da esfera virtual e passe para o plano real.

O desafio é: qual a real capacidade de mobilização bolsonarista? Em todos os protestos até agora, nunca houve uma grande adesão em massa.  Nos atos em tempos de coronavírus, então, são sempre pequenos grupos localizados.

O protesto bolsonarista é contra, também, as Forças Armadas, que, segundo eles, não estariam apoiando Bolsonaro num momento de xeque-mate contra o presidente.

Há ameaças diretas aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Para eles, o inimigo do momento a ser combatido.

A convocação é para Brasília –não custa lembrar que o momento é de evitar aglomeração, embora essa regra não seja respeita pelo presidente e seus apoiadores.

Até o empresário Luciano Hang está sendo convocado para o ato em Brasília.

O Movimento Brasil Conservador tratou de lembrar que Bolsonaro foi eleito por 57 milhões de eleitores– mas não fez menção aos possíveis crimes praticados por Bolsonaro durante seu mandato e que podem ser expostos por Moro.

Para os bolsonaristas, Moro estará jogando em casa.

O clima, em muitos posts, é de estarem prontos para uma guerra.

A madrugada vai longe para os bolsonaristas. Resta saber o quanto o poder virtual organizado pelo gabinete do ódio conseguirá levar adiante uma pressão maior contra as instituições.

A tensão é grande.

Do outro lado, há um certo tom de lição da História.

Para outra ala da direita, o bolsonarismo é igual ao lulopetismo.

Faltava apenas uma palavra, mas ela veio hoje. Durante o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, os petistas classificaram o processo como golpe, o que sempre gerou uma verdadeira cizânia entre direita e esquerda no país.

Lembrando que começar um processo de impeachment contra Bolsonaro ainda não é consenso entre a elite jurídica, política e intelectual do Brasil, apesar de o presidente da Câmara Rodrigo Maia já ter em mãos mais de 25 pedidos. Basta apenas um “sim” para que um deles comece a tramitar e caminhe para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Renan Santos, um dos fundadores do MBL, diz já ter avisado autoridades contra uma possível reação exacerbada pelo lado bolsonarista.

Outra hashtag que ficou popular foi a #OrePeloBolsonaro. No entanto, a maioria dos posts são de opositores do presidente fazendo piadas.

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Guerra de hashtags e de narrativas opõe as várias direitas no Twitter

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Relembre os memes e piadas que dominaram as redes sociais em 2019 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2019/12/28/retrospectiva-de-memes-2019/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2019/12/28/retrospectiva-de-memes-2019/#respond Sat, 28 Dec 2019 05:00:07 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/ppt-dallagnol-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=10499 É impossível dissociar o noticiário dos memes. Seja na política, em esportes, meio ambiente, na cultura e até na economia, eles estão consolidados na nossa forma de entender o mundo.

O ano de 2019 foi um prato cheio para memes. Com um governo tão peculiar como o de Bolsonaro, a internet teve uma oferta inédita de assuntos para transformar em piadas críticas.

O #Hashtag apresenta a retrospectiva anual de memes (acesse aqui a de 2018 e mate saudades do ano passado).

REINO ANIMAL
Poucos vídeos tiveram mais impacto no ano do que aquele, publicado no fim de outubro, em que o presidente Jair Bolsonaro (atualmente sem partido) se comparou a um leão acossado por hienas. Hienas essas representadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), PSL (detalhe: era seu partido à época), partidos de esquerda como PT e PSOL, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e veículos de imprensa, incluindo a Folha.

O tuíte do presidente veio depois de algumas postagens com teor semelhante do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), seu filho. Antes, Carlos assumira pela primeira que atualiza as redes sociais do pai.

O Congresso e o STF reagiram fortemente ao vídeo. Dias depois, estouraria o caso do porteiro do condomínio de Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro cogitaria novo AI-5, aumentando ainda mais a retórica autoritária do bolsonarismo.

Se há uma inflexão autoritária no país, os memes estão aí para relembrar alguns fatos.

CONVERSA ANIMAL
Com um governo tão movido pelas redes sociais e pelos memes, era natural esperar que a retrospectiva fosse movimentada.

O que ninguém poderia esperar é que um dos fatos que marcaram as redes nesse 2019 fosse uma conversa desenvolvida toda em emojis.

Ex-aliados, Carlos Bolsonaro e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) passaram a figurar em grupos opostos desde que questões como poder dentro do partido e dinheiro do fundo eleitoral vieram à tona. De um lado, o bolsonarismo puro (Carlos); de outro, o peeselismo bivarista (Joice).

Os tuítes começaram do lado bolsonarista:

– Porco, rato, cobra, galinha, lula…

Cerca de uma hora depois, foi a vez da deputada. Não com uma resposta direta, mas usuários da rede fizeram a associação imediatamente:

– Veado, veado, veado, rato branco, rato cinza, rato cinza.

Joice é conhecida por ter uma personalidade belicosa. Em maio, ela e a também ex-colega e deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) protagonizaram uma pancadaria virtual e muitos torceram pela briga.

PSL X PSL
O distanciamento entre alas do PSL ficaria evidente logo no começo do ano, quando alguns deputados, com Joice Hasselmann na linha de frente, se aliaram ao centrãozista Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O ápice, ainda em janeiro, se deu quando uma comitiva de parlamentares recém-eleitos do PSL viajou à China para estudar um sistema de reconhecimento facial. O escritor Olavo de Carvalho, guru e ideólogo direitista, não gostou nada da aproximação dos congressistas com a ditadura chinesa, chamou-os de “palhaços”, e o assunto logo virou meme com a “comitiva comunista do PSL”.

No entanto, aos trancos e barrancos, com um foco ali e outro acolá de incêndio, o partido foi se sustentando.

Em outubro, uma briga homérica tornou as queimadas incontroláveis. Até parecia a Amazônia.

Em resumo, houve uma disputa pela liderança do PSL na Câmara, que era ocupada pelo Delegado Waldir (GO). Após uma guerra de listas, o posto acabou com Eduardo Bolsonaro.

Ainda viria à tona um áudio de Waldir dizendo que iria implodir o governo de Jair Bolsonaro e chamando o presidente de vagabundo.

“Vou fazer o seguinte, eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, cabô, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo”, disse o deputado.

Um meme resume com perfeição o que foi o PSL nesse mês de outubro de 2019: #EleNão.

Em novembro, Bolsonaro sairia do PSL e criaria o Aliança pelo Brasil, cujo manifesto é mais radical do que a Arena da ditadura.

FROTA
Não dá para falar de memes e política brasileira em 2019 sem mencionar o caso Frota.

Nas eleições de 2018, foi um ferrenho bolsonarista eleito deputado federal . Nem bem virou o ano, parecia o fundador do movimento “Jair me Arrependi“.

Em fevereiro, a Folha revelou esquema de candidatas laranjas no PSL. Poucos dias depois, lá estava Frota falando que “laranja podre vai cair” e espremendo laranjas no plenário da Câmara.

Dali em diante, Frota entraria na ala oposicionista do PSL.

Em vez de controlar os dedos no celular, o ex-ator pornô só aumentou as críticas em quantidade e intensidade.

A situação degringolaria de vez em agosto, quando o PSL decidiu expulsá-lo.

Isso não pareceu assustar Frota, que dias depois se filiaria ao PSDB.

Uma vez tucano, Frota se sentiu ainda mais à vontade para atacar Bolsonaro e seus seguidores. Viveu inclusive um dia de fúria, com mais de 80 postagens contrárias ao governo. Uma das imagens publicadas nesse dia foi essa:

Obviamente, Frota virou um “esquerdista” nas redes sociais.

MOURÃO
O vice-presidente Hamilton Mourão foi muito ativo no início do mandato, dando inúmeras entrevistas a jornalistas. Muitas delas causaram constrangimento no Planalto por criticar posturas do governo e falas de Bolsonaro. No decorrer do ano, Mourão foi sumindo dos holofotes.

Foi assim, por exemplo, quando Mourão defendeu investigação contra o laranjal do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio. O polemista Olavo de Carvalho se irritou com a postura do general, chamou-o de “idiota” e disse que tinha “mentalidade golpista”. A ala da militância virtual completou com os memes: Mourão é comuna.

O PISTOLEIRO-GERAL DA REPÚBLICA
Se havia um personagem que estava esquecido pelos memes, este era o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Afastado do noticiário desde a posse de Raquel Dodge, em setembro de 2017, o ex-PGR revelou em setembro que entrou uma vez no Supremo Tribunal Federal armado com uma pistola com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes, por causa de insinuações que ele teria feito sobre sua filha em 2017.

O ex-procurador narra o episódio num livro de memórias que foi lançando naquele mês, sem nomear Gilmar. Ele confirmou a identidade de seu alvo ao ser questionado pela Folha. “Tenho uma dificuldade enorme de pronunciar o nome desta pessoa”, disse.

Ao saber, Gilmar se disse surpreso e recomendou tratamento psiquiátrico a Janot.

Na internet, ele se tornou o Pistoleiro-Geral da República.

Montagem de Janot e Gilmar Mendes sobre foto de Greta Thunberg (Reprodução)

Uma versão de Faroeste Caboclo, do Legião Urbana, passou a circular em grupos de WhatsApp.

Não tinha medo o tal Janot de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando Dilma o escolheu
Deixou pra trás todo o marasmo do Supremo
só pra sentir no seu sangue o ódio
que Gilmar lhe deu

Quando criança só pensava em ser jurista
ainda mais que com flecha de bambu o temer não morreu
Era o terror da procuradoria onde atuava
E no zap até o Deltan com ele aprendeu

 Ia na UFMG só pra pegar o óculos escuros
pra tomar cerveja atrás das caixas em um bar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era seu lugar

Ele queria continuar a ir no bar
com o advogado que negociou delação
juntou dinheiro para poder se barbear
de escolha propria, cavanhaque em promoção

Comia todas as lagostas da cidade
de tanto brincar de advogado aos 13 foi procurador
Aos 15 foi reconduzido ao cargo,
onde aumentou seu ódio diante de tanto terror

Não entendia como o ativismo funcionava
discriminação por causa da LavaJato, seu amor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Curitiba

E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um lavajateiro com quem foi falar
E o lavajateiro tinha uma mensagem e ia perder a viagem
Mas Janot foi lhe ajudar

Dizia ele eu queria ir pra Brasília
Nesse país foro melhor não há
to planejando ser ministro da justiça
eu fico aqui você vai no meu lugar

AMAZÔNIA
A floresta amazônica figurou no noticiário como talvez nunca antes. O Brasil bateu recorde atrás de recorde de desmatamento, incluindo o levantamento anual, que apontou um aumento de 29,5% em 12 meses (de agosto de 2018 a julho de 2019).

A solução do governo foi apontar como culpados os dados do Inpe, gestões anteriores, a cultura do brasileiro e Leonardo DiCaprio.

Leonardo DiCaprio? Isso mesmo, Bolsonaro acusou o ator hollywoodiano de financiar entidades brasileiras que causaram incêndios na floresta amazônica. “Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é?”, questionou. “Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, acrescentou em conversa com um grupo de eleitores na entrada do Palácio do Alvorada.

Em agosto, o astro americano anunciou que a fundação da qual ele é criador, a Earth Alliance, doaria US$ 5 milhões a um fundo emergencial que destinaria o montante para ajudar entidades brasileiras no combate à série de queimadas.

Bolsonaro estava certo. Nas redes sociais, as pessoas descobriram como o artista botou fogo na Amazônia.

AMOR I LOVE YOU (NÃO ERA AMOR, ERA CILADA)
A relação entre Bolsonaro e Trump começou com Marisa Monte e terminou em Molejo.

“Amor I Love You”, de Marisa Monte, poderia ser a música tema desde a campanha presidencial, pois Bolsonaro sempre se derreteu em elogios a Trump.

Em março os dois se encontraram na Casa Branca, o que só aumentou o amor. E assim foi em todos os encontros seguintes, como na cúpula do G20 ou na Assembleia-Geral da ONU.

Para agradar a Trump, o Brasil começou a fazer uma série de concessões. Abdicou, por exemplo, de um tratamento especial na OMC (Organização Mundial do Comércio) pelo apoio dos EUA na entrada do Brasil na OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Em agosto, o primeiro balde de água fria.

O governo dos Estados Unidos deu respaldo às candidaturas de Argentina e Romênia para uma vaga na OCDE em uma carta enviada ao órgão.

No documento, não havia nenhum apoio à candidatura do Brasil —o país não é sequer citado.

Como as redes sociais definiram tão bem, o governo Bolsonaro foi vítima do famoso “na volta a gente compra”, só que na versão “na volta a gente entra na OCDE“. 

No começo de dezembro, a relação sofreria outro abalo.

Trump anunciou que vai vai retomar as tarifas para importação de aço e alumínio do Brasil e da Argentina. “Brasil e Argentina desvalorizaram fortemente suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores. Portanto, com vigência imediata, restabelecerei as tarifas de todo aço e alumínio enviados aos Estados Unidos por esses países”​, escreveu o americano.

O Brasil adota um regime de câmbio flutuante, ou seja, o país não valoriza ou desvaloriza a moeda de propósito, como acusou o americano.

Parece que não era amor, era cilada, como já avisavam os meninos do Molejo.

Para Bolsonaro, no entanto, não é porque um amigo falou grosso que se deve dar as costas a ele.

Não é de hoje que avisam o presidente brasileiro que ele está numa relação abusiva.

Fique agora com a trilha sonora!

A relação com os EUA é tão intensa que deixa Bolsonaro até nervoso.

Ele esteve em Dallas, no Texas, para receber o prêmio “personalidade do ano”, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

No evento, o presidente bateu continência à bandeira dos Estados Unidos e defendeu uma relação de proximidade com o país norte-americano.

Ao final de seu discurso, adaptou o slogan de campanha. “E termino com meu chavão de sempre: ‘Brasil e Estados Unidos acima de tudo’”, mas se atrapalhou com a segunda parte.

LIVES PRESIDENCIAIS
Toda quinta-feira à noite, pontualmente às 19h, os seguidores de Bolsonaro (e os jornalistas) sabem que há compromisso: a live presidencial, ao vivo no Facebook. É o momento no qual Bolsonaro se sente mais livre, na frente de uma tela, e acompanhado por assessores escolhidos a dedo. O presidente cria polêmicas, atacas inimigos e faz brincadeiras com os convidados (algumas constrangedoras, como foi com Moro e o troca-troca).

São nessas lives que surgem memes, alguns deles marcantes.

Numa transmissão de agosto, Bolsonaro afirmou que Doria “mamou” em governos do PT. Ele se referia a compra de jatinho com empréstimo do BNDES por empresa do governador paulista.

“João Doria comprou também. Explica isso aí. Só peixe. Amigão do Lula, da Dilma. Eu vejo o Doria falando de vez em quando ‘minha bandeira jamais será vermelha’. É brincadeira! Quando estava mamando lá a bandeira era vermelha com um foiçasso e um martelo sem problema nenhum, né? Ihuuuu, tá ok? Valeu, boa noite pessoal, até semana que vem, se Deus quiser”, disse.

O “ihuuuuu”, no maior clima rodeio, viralizou nas redes.

Outra transmissão que gerou memes foi feita em junho. Bolsonaro estava no Japão para a cúpula do G20.

Em certo trecho, mostrou uma bijuteria de nióbio que comprou na viagem e comentou:

“Tem de várias cores. A vantagem em relação ao ouro são as cores, e ninguém tem relação alérgica ao ouro. Alguns têm ao ouro. Às vezes a mãe bota o brinquinho na orelha da menina -menina, deixar bem claro- e tem reação, e isso aqui de nióbio não tem. Isso custa mil dólares, mais ou menos quatro mil reais. Isso de ouro valeria talvez uns três mil reais no Brasil”.

Essa fixação pelo nióbio vem desde a época em que o presidente era deputado federal.

Quando deixar o cargo, Bolsonaro poderá tranquilamente ser garoto propaganda do Medalhão Persa.

VAZA JATO
As revelações do site The Intercept Brasil, que teve acesso a mensagens hackeadas dos celulares do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato, colocaram a popular operação que prendeu políticos, entre eles o ex-presidente Lula, sob suspeição.

As conversas desvendaram métodos pelos quais autoridades lidaram com o decorrer das investigações e que não estariam condizentes com o devido processo legal.

A primeira reportagem do site de Glenn Greenwald foi publicada em 9 de junho.

Em 23 de julho, a PF prendeu quatro suspeitos de hackear celulares de Moro e Deltan. Um dos presos, Walter Delgatti Neto, 30, era de Araraquara (SP).

Apoiadores de Moro e da Lava Jato diziam nas redes que os invasores eram, na verdade, hackers russos. Quando veio a notícia de que eles eram do interior paulista, os memes fizeram a festa. “O hacker russo é de Taubaté” (se você não entendeu o crossover de memes, precisa conhecer a história da falsa grávida de Taubaté).

Parabéns Pavão Misterioso, o Sherlock Holmes brasileiro.

Moro também foi personagem preferencial dos memes.

Quando estourou o “InFuxWeTrust“, lá estava o ministro carregando um calendário com a mensagem.

Já os procuradores ganharam versões atualizadas do clássico Powerpoint de Deltan.

ECONOMIA
Uma das regras universais dos memes é que se algo atinge o bolso das pessoas em pouco tempo virará um. E com a carne aconteceu exatamente isso. Em meados de novembro o preço disparou –por fatores como o boom de importação da China e a entressafra— e as brincadeiras rechearam as redes sociais.

ATENÇÃO: novas embalagens de carne já estão à venda.

Em substituição ao espetinho de carne, o espetinho de ovo é o novo aperitivo dos ambulantes.

Outro assunto da área econômica que virou meme foi a ideia, um tanto estapafúrdia aventada pelo governo, de criar uma moeda conjunta com os argentinos, a “peso real”.

O peso argentino é conhecido por ser uma moeda extremamente volátil, tanto que o governo Macri teve até de criar uma nota de mil pesos. A inflação do país invariavelmente encontra-se descontrolada.

Esse episódio serviu para mostrar que os memes brasileiros valem milhões de dólares.

Imagina o filho chega na mãe: “mãe, me dá 20 peladonas para comprar sorvete”

Por fim, Bolsonaro, que tanto critica o governo de Dilma Rousseff, “Dilmou“.

Foi em abril, quando o presidente interferiu no preço do diesel.

A intervenção na política de preços da Petrobras foi prática do governo da petista e amplamente criticada pelo mercado e pela oposição da época.

O ato do presidente foi contra seu discurso liberal.

A contradição foi apontada pelo próprio vice Mourão

“Em tese é [uma contradição]. Agora, como eu respondi, os fatos que chegaram ao conhecimento do presidente não são do meu domínio, portanto, eu acredito no bom senso dele e que tomou essa decisão buscando o bem maior.”

Bolsonaro se justificou:

“Eu liguei para o presidente [da Petrobras] sim. Me surpreendi com o reajuste de 5.7%. Não vou ser intervencionista. Não vou praticar a política que fizemos no passado, mas quero os números da Petrobras”.

A internet não quis saber e não perdoou.

TABATA AMARAL
Em julho, a reforma da Previdência avançou em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

Havia tanta coisa para a esquerda brasileira estar preocupada. Mas boa parte dela preferiu o debate em torno de Tabata Amaral (PDT-SP), que votou a favor da reforma.

Usando uma expressão que se popularizou em 2019, a esquerda “cancelou” Tabata. O PDT chegou a ameaçá-la de expulsão, mas o processo não vingou –ela e outros dissidentes que agora querem sair do partido.

Tabata Amaral se considera de centro-esquerda, mas diz ter posições liberais na economia, como foi sua opção na Previdência. As mudanças nas aposentadorias irão aliviar (um pouco) as finanças brasileiras nos próximos anos.

Nos memes, Tabata virou partidária do Novo.

Tabata Amaral entra para o partido Novo nos memes após votar pela Previdência. Foto: Reprodução

CULTURA
Não foi um bom ano para a Cultura. A área foi asfixiada pelo governo Bolsonaro em diversos setores. Instituições como Ancine, Funarte, Biblioteca Nacional, Fundação Palmares, Caixa, Banco do Brasil, dentre outras, passaram a conviver com nomeações contestadas, aparelhamento ideológico, cortes de verbas e censuras.

O maestro Dante Mantovani, por exemplo, foi designado para a presidência da Funarte, e o anúncio de seu nome já chegou agitando as redes sociais.

Em seu canal no YouTube, ele compartilha reflexões e teorias da conspiração sobre política e arte.

Assim Mantovani classifica a relação entre o filósofo alemão Theodor Adorno e os Beatles:

“Na esfera da música popular, vieram os Beatles, para combater o capitalismo e implantar a maravilhosa sociedade comunista”.

Completa Mantovani:

“O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. E a indústria do aborto alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que fez um pacto com o satanás.”

Essa fala, ao menos, alimentou a cultura dos memes, que essa sim anda a todo vapor e (ainda) não pode ser censurada.

Aqui é Rock and Roll \o/

EDUCAÇÃO
Assim como a Cultura, a Educação foi outra área conturbada, para dizer o mínimo. Cortes de verbas essenciais, inúmeras demissões no alto escalão do MEC, protestos.

O primeiro ministro da pasta, Ricardo Vélez Rodriguez, foi inoperante no cargo, além de se envolver em polêmicas como a de pedir que escolas filmassem, sem autorização dos pais, crianças cantando o hino nacional.

Não durou muito no cargo e foi substituído por outro polemista, Abraham Weintraub, que passa boa parte de seu tempo atacando o PT, a esquerda e a imprensa em vez de se preocupar com os reais problemas da educação no país.

Muito atuante nas redes, Weintraub cometeu atos falhos e erros crassos de português. Por isso, foi figurinha constante nos memes.

O Processo

Internautas ficaram petrificados ao ver a postagem do ministro que escreveu paralisação errado duas vezes. O povo é muito afobado.

O manual de redação do MEC fez escola em outras pastas.

Um post do ministério da Ciência escrito em um português sofrível foi muito criticado nas redes.

STREAMING
O sargento da Aeronáutica brasileira, que fazia parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, e foi detido no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 kg de cocaína na mala, movimentou as redes sociais em junho.

Inicialmente, Bolsonaro iria fazer escala na Espanha, mas mudou a rota para Portugal quando o problema surgiu, antes mesmo de deixar o Brasil.

“É óbvio que, pela quantidade de droga que o cara tava levando, ele não comprou na esquina e levou, né? Ele estava trabalhando como mula. Uma mula qualificada, vamos colocar assim”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão.

A internet respirou fundo e criou uma nova série para a Netflix.

E já veio com pôster promocional.

COMPORTAMENTO
Foi um ano com uma pauta intensa de costumes, embora ela tenha empacado no Congresso.

Uma das responsáveis por isso foi a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos. Logo no segundo dia útil de mandato ela mostrou a que veio. Disse que o Brasil estava entrando em uma nova era. “Menino veste azul, menina veste rosa”.

A internet vestiu memes.

REDES SOCIAIS
Em visita a Porto Alegre, Orkut Büyükkökten estava “fazendo novas amizades” no app de relacionamentos Tinder, mas disse ter sido bloqueado pela plataforma. Aí ele resolveu reclamar no Twitter.

Segundo o tuíte, o empresário turco foi denunciado no Tinder por usuários desconfiados de que o perfil dele seria falso. Com isso, ele foi bloqueado pela plataforma. “#EuSouReal”, apelava a mensagem.

Orkut, Tinder, Twitter. Só pelo fuzuê de nomes, essa notícia já merecia uma menção honrosa na retrospectiva dos memes.

Pelo carinho especial que os brasileiros guardam do Orkut (a rede social), ganhou um espaço mais do que merecido.

Para quem é mais novinho ou desmemoriado, um contexto: Orkut era um engenheiro do Google e criou um site batizado com seu primeiro nome e que, por meia década, foi o principal sinônimo de rede social no país.

Em 2019, fez 15 anos de seu surgimento e 5 anos que fechou as portas.

DEEPFAKE
Em junho, as deepfakes –os vídeos modificados– entraram em uma nova era. E Bolsonaro teve uma grande colaboração.

Ele deu uma entrevista na saída do centro médico do Palácio do Planalto e comentou sua relação com o Congresso. “Pô, querem me deixar como rainha da Inglaterra? Este é o caminho certo?”, indagou.

Horas depois, o criador de conteúdo Bruno Sartori fez este vídeo, que viralizou:

Meses depois, Sartori venceria a principal categoria em uma premiação de memes.

Em 2020, anotem aí: as deepfakes darão ainda mais o que falar.

Em tempo. Photoshop é old, but gold.

“Pô, querem me deixar como rainha da Inglaterra?”, questionou Bolsonaro. Nos memes, ele virou.

FUTEBOL
O ano foi do Flamengo, que venceu a Libertadores e o Brasileirão na mesma temporada, o que não acontecia desde 1963, quando o Santos realizou o feito.

Natural, portanto, que os memes futebolísticos do ano fossem dominados pelo rubro-negro carioca.

O meme do cheirinho surgiu em 2016, quando o Flamengo fazia boa campanha no Brasileiro e os torcedores já diziam sentir o “cheirinho do hepta” (ou hexa, para os fãs do Sport). Acabou em 3º lugar e torcedores do Brasil inteiro passaram a tirar sarros dos flamenguistas.

Em 2019, finalmente, o meme foi extirpado.

Não bastasse tudo isso, os títulos da Libertadores e do Brasileiro vieram no mesmo final de semana, em menos de 24 horas. Haja meme para dar conta de tamanha felicidade.

Do outro lado da moeda, o Cruzeiro, rebaixado pela primeira vez em sua história de 98 anos, foi vítima de memes. Em  meio a um turbilhão político, a campanha no Campeonato Brasileiro foi tão lamentável que até a fé abandonou o clube mineiro.

O Corinthians não ganhou muitos títulos em 2019 (só um Paulistão). Mas seu estádio ganhou um apelido.

A dívida com a Arena Corinthians, inaugurada para a Copa do Mundo de 2014, vem crescendo ano a ano.

Em setembro, o estádio passou a ter o nome no Serasa.

Foi o suficiente para rivais renomearem a construção: Arena Serasa, Serasão, Seresa Stadium.

DESAFIO
Achou que não teria desafios? Achou errado.

O desafio que viralizou em 2019 foi da cor do tênis.

Rosa ou verde e cinza?

A foto já havia viralizado em 2017, mas retornou com força nas redes sociais este ano.

É possível comprovar a cor verdadeira do tênis com programas de edição de foto que captam as tonalidades presentes na imagem. Se você é do “time verde e cinza”, parabéns: você “ganhou” este desafio, assim como quem via o vestido da cor azul.

ALEATÓRIO
Em 2019, Ronaldinho Gaúcho perdeu o posto de rei dos rolês aleatórios, que agora é do ator Keanu Reeves. Ele se encontrou com o governador de SP João Doria para discutir gravações na capital paulista. A internet achou muito aleatório.

CELEBRIDADES
No mundo dos famosos, nenhum meme superou o “surubão de Noronha“, que virou até fantasia de Carnaval.

OURO
E para fechar com chave de ouro (desculpem o trocadilho), golden shower.

Era início de mandato de Bolsonaro, e o Brasil e o mundo ficaram estarrecidos com um tuíte.

Na noite da terça-feira de Carnaval, o presidente publicou em seu perfil no Twitter um vídeo de uma cena em São Paulo em que um homem introduzia o dedo no próprio ânus e depois recebia urina no rosto, dizendo que “é isto que tem virado muitos blocos de rua no Carnaval brasileiro”. Ele foi muito criticado por generalizar um fato isolado.

No dia seguinte, o presidente perguntou em uma rede social “o que é golden shower” (nome popular em inglês para o fetiche de urinar na frente de um parceiro ou sobre ele). Os memes explicaram…

CANCELA, 2019
Usando expressão que ficou famosa na internet neste ano, 2019 foi cancelado. Esperemos agora os memes de 2020 (e também as figurinhas de WhatsApp).

 

LEIA TAMBÉM
Conheça os memes que mais despertaram interesse no Google em 2019

 

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Faroeste Caboclo ganha versão com Janot, o Pistoleiro-Geral da República https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2019/09/27/faroeste-caboclo-ganha-versao-com-janot-o-pistoleiro-geral-da-republica/ https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/2019/09/27/faroeste-caboclo-ganha-versao-com-janot-o-pistoleiro-geral-da-republica/#respond Fri, 27 Sep 2019 22:30:07 +0000 https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/meme-gilmar-320x213.jpg https://hashtag.blogfolha.uol.com.br/?p=10050 Os memes de Rodrigo Janot, o Pistoleiro-Geral da República, estão a todo vapor nas redes sociais.

Mais cedo, a minha colega Mariana Agunzi separou os melhores; confira.

Agora, separo em um post à parte a adaptação de Faroeste Caboclo, do Legião Urbana, que está circulando em grupos de WhatsApp.

Também deixei à disposição a versão original na voz de Renato Russo, no Spotify, para embalar a trilha sonora nesta sexta-feira cheia de notícias (se você não viu, o MPF pediu Lula Livre e PF faz busca em endereços de Janot).

Não tinha medo o tal Janot de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando Dilma o escolheu
Deixou pra trás todo o marasmo do Supremo
só pra sentir no seu sangue o ódio
que Gilmar lhe deu

Quando criança só pensava em ser jurista
ainda mais que com flecha de bambu o temer não morreu
Era o terror da procuradoria onde atuava
E no zap até o Deltan com ele aprendeu

Ia na UFMG só pra pegar o óculos escuros
pra tomar cerveja atrás das caixas em um bar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era seu lugar

Ele queria continuar a ir no bar
com o advogado que negociou delação
juntou dinheiro para poder se barbear
de escolha propria, cavanhaque em promoção

Comia todas as lagostas da cidade
de tanto brincar de advogado aos 13 foi procurador
Aos 15 foi reconduzido ao cargo,
onde aumentou seu ódio diante de tanto terror

Não entendia como o ativismo funcionava
discriminação por causa da LavaJato, seu amor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Curitiba

E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um lavajateiro com quem foi falar
E o lavajateiro tinha uma mensagem e ia perder a viagem
Mas Janot foi lhe ajudar

Dizia ele eu queria ir pra Brasília
Nesse país foro melhor não há
to planejando ser ministro da justiça
eu fico aqui você vai no meu lugar

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